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Crimes cometidos por motoqueiros mudam rotina de trabalhadores

Ocorrências são realizadas ao amanhecer,
entre as 4h e 8h, em todos os municípios

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
30/10/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Assaltos cometidos ao amanhecer têm assustado moradores do Grande ABC nos últimos meses. De acordo com as vítimas, as características dos crimes são as mesmas: dois indivíduos em uma moto abordam trabalhadores e estudantes, principalmente em pontos de ônibus, entre as 4h e 8h. Os alvos, na maioria dos casos, são celulares, carteiras e bolsas.

As ocorrências foram tema de reportagem do Diário em março, quando, na ocasião, moradores de Santo André sofriam com os crimes. Agora a modalidade se espalha por bairros de quase todos os municípios da região.

Moradora de São Caetano, a professora Teresa Rachel Gonçalves, 30 anos, foi uma das vítimas. “Eram 8h, o motoqueiro passou, fez o retorno em uma rotatória e veio em minha direção. Estava sozinha. Quando ele deu a volta, tinha certeza que ia me assaltar, mas já não tinha o que fazer. Ele me perguntou onde era a Avenida Goiás, respondi, ele olhou para os lados e perguntou novamente a mesma coisa. Então ele me mostrou a arma na cintura e mandou passar o celular e a aliança”, relatou a vítima, que hoje afirma redobrar o cuidado nesse período. “Depois disso, quando vou pegar o ônibus peço ao meu marido para me acompanhar, pois sozinha tenho medo. E não pode passar uma moto que já fico apreensiva. É horrível.”

Em Santo André, a situação foi semelhante com a estagiária de Direito Juliana Ramos, 26. “Fui assaltada indo trabalhar, por volta das 6h10. Na ocasião, fui parada por uma moto com dois homens que me abordaram com uma arma. Depois disso, mudei o trajeto que faço todo dia.”

Para a universitária de São Bernardo Thais Borges, 20, o assalto será um episódio difícil de esquecer. “Nunca imaginei que isso aconteceria tão cedo. Eles foram tão agressivos que tive uma lesão no braço. Depois disso meu pai me leva para a faculdade”, relata.

Vale ressaltar que os roubos gerais na região aumentaram 10,31% na comparação entre setembro deste ano e o mesmo mês do ano passado, sendo 2.338 registros em 2014 e 2.579 neste ano.

O Diário solicitou à PM (Polícia Militar) e também à SSP (Secretaria da Segurança Pública) números específicos sobre o número de assaltos cometidos por motoqueiros, entretanto, ambas informaram não realizar estatísticas com esse recorte.

Apesar disso, o comandante da PM no Grande ABC, coronel Marcelo Cortez Ramos de Paula, reconhece que ocorrências cometidas por motoqueiros têm aumentado na região. “É um problema difícil de resolver. Isso porque são crimes cometidos por veículos que têm grande mobilidade e velocidade. Sabemos que esses casos têm sido cada vez mais recorrentes, por isso, em alguns batalhões o turno da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) está sendo antecipado para as 4h30. Dessa forma podemos inibir esses criminosos e suas ações ao amanhecer.”

De acordo com o coronel, aumentar o contingente das equipes da Rocam não é alternativa imediata, pois problemas operacionais necessitam ser solucionados. “Não são todos os nossos policiais militares que possuem habilitação para dirigir motocicletas.”

Especialista alerta que celular é principal alvo dos criminosos

De acordo com o especialista em Segurança Pública e Privada Jorge Lordello, os relatos constantes de assaltos promovidos por motoqueiros não são um problema exclusivo do Grande ABC, mas sim de toda a Região Metropolitana. Para ele, muitas dessas ocorrências são causadas pela facilidade encontrada por criminosos para efetuar o roubo de celulares.

A operadora de caixa Shirlei Motta Cesário, 27 anos, foi uma das vítimas que tiveram o telefone levado em um assalto ao amanhecer. “Estava com ele na bolsa quando um motoqueiro me parou na esquina de casa e o roubou.”

De acordo com o especialista, as pessoas estão muito dependentes do aparelho. “Algumas se sentem tão seguras que andam com eles na mão. Isso atrai os criminosos. Hoje é o objeto mais roubado em todo o País.”

Para Lordello, a melhor forma de se prevenir é evitar expor o aparelho. “Se a pessoa for fazer uma ligação, o ideal é realizar dentro de um comércio.”  




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