Antes de embarcar para a África na próxima terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende anunciar a unificação dos programas sociais que transferem renda para a população carente. Os diversos cenários para a unificação já foram traçados, mas o modelo final depende da aprovação de Lula e da disponibilidade financeira, que será apontada pela equipe econômica.

O governo está produzindo um cadastro único dos beneficiados para evitar duplicidade de pagamento e fraudes. O cadastro em vigor foi feito pelas prefeituras, às vezes sem atender ao critério de ter pobres como público-alvo do programa. Técnicos do governo constataram casos em que até parentes de prefeitos se beneficiaram.

Segundo o ministro extraordinário de Segurança Alimentar, José Graziano, o cadastro é a parte mais lenta da unificação. "Estamos fazendo o caminho, caminhando", disse, parafraseando o poeta Pablo Neruda e lembrando que o Fome Zero, antes presente em 628 municípios já alcança 1.191.

Depois de concluído o cadastro, os selecionados ganharão cartão magnético para sacar o dinheiro. A unificação deve resultar em benefício maior, porque somará os valores de programas hoje pagos separadamente. Em vez de receber R$ 50 do cartão-alimentação, R$ 15 do bolsa-alimentação ou R$ 15 do vale-gás, a família terá direito ao valor mínimo, que pode ter acréscimos segundo seu perfil.

Se, por exemplo, tiver filhos na faixa de 7 a 14 anos, receberá o valor mínimo mais o equivalente ao pago hoje pelo bolsa-escola. Se tiver filhos de até 6 anos, embolsará ainda o equivalente ao bolsa-alimentação.