As acareações artísticas de Jorge Furtado permanecem as mesmas em Meu Tio Matou um Cara, lançado esta semana pela Fox, em VHS e DVD para locação. Tal e qual Houve uma Vez Dois Verões e O Homem que Copiava, o novo longa coloca face a face um amor juvenil aparentemente impossível e um crime - entenda-se sempre, no caso de Furtado, como modo de ganhar dinheiro - que movimenta toda a trama.

Duca (Darlan Cunha) é um garoto classe-média de 15 anos, cujo tio Éder (Lázaro Ramos) foi acusado de assassinar o ex-marido da namorada, Soraya (Deborah Secco). O adolescente nutre um amor secreto pela melhor amiga, Isa (Sophia Reis), que será envolvida na investigação do homicídio a dado instante.

Houve uma Vez Dois Verões permanece ainda como o melhor resultado em longa-metragem das equações de Furtado, mas Meu Tio Matou um Cara tem seu charme particular. Simpático nos momentos em que filtra para o olhar juvenil, untado por videogames, a cena do crime; ou em que o relato distorce o fato. Muito esperto também quando, num lance a Antonioni, brinca com a realidade e com a imagem como registro desse real, cuja natureza flutua conforme o caráter de quem a exibe. É um filme que suaviza para o receptor juvenil a relação entre visão e visual.