Economia Titulo
Indústria de borracha sofre retraçao
Fabiana Cotrim
Da Redaçao
29/08/2000 | 00:23
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Com defasagem entre 12% e 17% acumulada desde janeiro deste ano, as indústrias de artefatos de borracha correm o risco de fechar as portas no médio prazo caso nao consigam repassar os aumentos de custos para as montadoras e consumidores finais, segundo dados levantados pelo Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado de Sao Paulo (Sindibor).

Para tentar reverter o quadro de queda nos lucros detectado no primeiro semestre de 2000, as empresas vao negociar junto às montadoras o repasse, fato que tem ocorrido há vários meses sem sucesso.  Segundo o presidente do Sindibor, Edgar Solano Marreiros, o setor está começando a agonizar. "Vamos negociar até a exaustao. Algumas empresas já fecharam as portas e outras deixaram de entregar os pedidos das montadoras, mas sou da opiniao de que temos de resolver negociando antes de tomar uma medida mais drástica." 

Em funçao desse quadro, apenas neste ano, duas grandes empresas da cidade de Sao Paulo pararam de funcionar, colocando no mercado cerca de 2,7 mil funcionários.  O Grande ABC, segundo Marreiros, proprietário da Produflex, de Diadema, segue a tendência do Estado. A regiao é a principal fornecedora de artefatos de borracha às montadoras. "Pelo menos 50% dos artigos vendidos às indústrias automotivas sao da regiao. Se a situaçao piorar, o Grande ABC vai ser um dos principais prejudicados."  

Apesar do quadro de queda nos lucros, o presidente do sindicato ressaltou que a produçao no primeiro semestre deste ano registrou crescimento na comparaçao com o mesmo período de 1999. "Tivemos aumento de produçao em torno de 16%. O faturamento subiu ainda mais, cerca de 20%. Mas o lucro está em queda, levando o setor a trabalhar no vermelho. Nao existe mais lucro, as indústrias estao no limite."  

A expansao na produçao só foi possível, segundo Marreiros, pela quebra das três indústrias grandes. "O volume que eles fabricavam acabou dividido com as demais empresas." Além disso, o setor investiu, em anos anteriores, na melhoria da produtividade, em tecnologia e maquinários. Mas hoje, destacou, nao há mais capital de giro.

Na Freudenberg-Nok, indústria de peças em borracha de Diadema, as sistemistas que recebem os produtos sao mais acessíveis e aceitam o reajuste dos preços. "Em algumas montadoras o repasse do aumento das matérias-primas é mais fácil, mas a maioria nao tem aceitado pagar a mais", disse o gerente de contas da empresa, Emerson Luis Galina.  E nao sao apenas as montadoras que insistem em nao aceitar o repasse dos aumentos.

O consumidor final prefere consumir de quem tem preço menor. Como a concorrência no mercado é grande, as indústrias que atuam para esse segmento também têm de absorver os reajustes. É o caso da Borflex, de Diadema, que atua principalmente no mercado de reposiçao de autopeças. Segundo o gerente industrial, Paulo Roberto Garbi Lacerda, a direçao nao sabe como a empresa está sobrevivendo.




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