Nacional Titulo
Atraçao dos holofotes cria disputa na CPI dos Medicamentos
Por Do Diário do Grande ABC
12/02/2000 | 14:59
Compartilhar notícia


Em ano eleitoral, a atraçao dos holofotes está criando clima de disputa acirrada entre os integrantes da CPI dos Medicamentos. Deputados e líderes no Congresso já começaram a alertar para a necessidade de evitar que interesses políticos interfiram no resultado dos trabalhos para nao desacreditar a imagem da instituiçao.

Mesmo assim, integrantes da comissao admitem transformar sua atuaçao em dividendos nas eleiçoes municipais. "É voto", admitiu o relator da CPI, deputado Ney Lopes (PFL-RN), que disputará o governo municipal com a atual prefeita de Natal, Wilma Faria (PSB).

"Nao vou ser hipócrita e negar que minha atuaçao na comissao tem trazido resultados positivos", disse. Orgulhoso, ele contou que já é apontado nas ruas da cidade como "o homem que vai baixar os preços dos remédios".

Açao - "Onde há açao política, é normal que o deputado queira estar em foco, desde que seu trabalho apresente resultados", justifica Lopes, que tem tido uma missao a mais na CPI. Almoça ora com o ministro da Saúde, José Serra, ora com o da Fazenda, Pedro Malan, aparando arestas da difícil relaçao entre os dois. Serra foi um dos incentivadores da CPI e também espera faturar politicamente com seus resultados.

Para o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), é importante que a disputa política nao atrapalhe. "Essa história de holofote é inevitável", afirmou. O deputado José Genoíno (PT-SP) diz que o sucesso da atual CPI é fundamental para nao abalar a imagem do Congresso ou desacreditar um "instrumento importante de investigaçao". Ele lembrou que essa é a quinta CPI de medicamentos. As outras nao trouxeram resultados.

"Há casos de CPI que provocaram alarde e depois se esvaziaram" alertou o líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).

Dentro da CPI, a situaçao de Ney Lopes e do presidente da comissao, deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS), nao tem sido confortável. Enfrentam a pressao dos que os consideram "tímidos" nas investigaçoes. "Falta coragem para enfrentar os laboratórios", acusa o deputado e também candidato a prefeito Alceu Collares (PDT-RS), criticando Marchezan por nao ter apoiado uma devassa ampla nos laboratórios. "Pode parecer, mas nao tenho interesses políticos", garantiu o presidente da comissao. "Minha candidata é a Yeda", continuou ele, referindo à deputada Yeda Crusius, adversária de Collares.

"A prova de que Marchezan procura holofote na CPI foi a visita desnecessária que fez ao laboratório da Fundaçao do Remédio Popular (Furp), em Sao Paulo", retrucou Collares. A preocupaçao política de alguns deputados acaba freqüentemente dando origem a denúncias apressadas e com pouca fundamentaçao. Há poucos dias, por exemplo, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), teve de sair correndo em busca de provas para dar sustentaçao a uma denúncia apresentada pelo deputado Iris Simoes (PTB-PR).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;