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Argentina 'confisca' dinheiro depositado nos bancos
Do Diário OnLine
Com Agências
01/12/2001 | 01:25
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O governo argentino vai restringir os saques bancários a mil pesos (igual valor em dólares) por mês. O grosso da movimentação financeira terá de ser concentrada em cheques e cartões de crédito. Além disso, os ativos bancários (dinheiro concentrado nos bancos) serão dolarizados. Essas serão as principais medidas do próximo pacote que o governo Fernando de la Rúa adotará em regime de emergência no final de semana para tentar sanear a convalescente economia do pais, segundo o canal de TV a cabo da Argentina TN e o jornal econômico Ambito Financiero.

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, afirmou na madrugada deste sábado que nada foi decidido sobre a restrição dos saques. O porta-voz da presidência, Juan Pablo Baylac, não confirma ou desmente a informação. Mas as 'medidas para fortalecer o sistema financeiro' foram confirmadas pelo chefe de Gabinete do governo argentino, Chrystian Colombo. Apesar de os termos do pacote ainda não serem confirmados por fontes oficiais, a corrida dos argentinos aos bancos para realizar saques em cash (dinheiro vivo) nesta sexta-feira é um forte indício de que serão essas as medidas.

A dolarização dos ativos bancários seria o primeiro passo para a adoção do dólar americano como moeda oficial da Argentina. Há mais de dez anos, no começo do governo de Carlos Menem, vigora o sistema de paridade, em que um peso equivale a um dólar. Assim, o peso pode ser extinto de vez, pois a desvalorização da moeda seria desastrosa para a economia argentina. Terminada a paridade, as dívidas (que são atreladas ao dólar) passariam a valores estratosféricos graças à desvalorização.

Temerosos do confisco, argentinos correram aos bancos nesta sexta-feira e sacaram, no total, US$ 400 milhões. O ministro da Economia, Domingo Cavallo, pediu calma à população durante a tarde e afirmou que o banco era o 'melhor lugar' para o dinheiro ficar depositado, estimulando pagamentos em cartão de crédito. Cavallo também afirmou nesta sexta que a situação do país está pior do que há alguns meses.

O risco-país argentino, índice medido pelo banco americano JP Morgan para avaliar a segurança dos investimentos, chegou ao recorde de 3.332 pontos básicos (33,32%) no fechamento desta sexta-feira, depois de ter atingido 3.446 pontos na metade da sessão.

Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Thomas Reichmann, passou pela Argentina esta semana para avaliar a saúde da economia local e não gostou do que viu. O Fundo teria se recusado a liberar um crédito previamente acertado de US$ 1,26 bilhão. O secretário de Política Econômica do governo argentino, Guillermo Mondino, negou, na quinta-feira passada, que o empréstimo será adiado.

Além de negar o dinheiro, o FMI estaria pressionando a Argentina a desvalorizar o peso no combate à crise. O próprio ministro Cavallo admitiu a 'sugestão', segundo o jornal El Clarin. Na terça-feira, uma nota do Palácio da Fazenda, assinada por Cavallo, , negou que "os organismos multilaterais de crédito tenham proposto conduzir uma desvalorização do peso".




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