Apesar do protesto de dezenas de universitários, a Câmara de São Bernardo aprovou quarta-feira uma alteração no convênio entre a Faculdade de Direito e a Prefeitura para que o valor do terreno em que será construído o novo campus da instituição seja descontado do valor que a administração municipal tem de devolver à autarquia.

O projeto foi encaminhado ao Legislativo na tarde de terça-feira e aprovado na manhã seguinte. Neste período, a proposta passou ainda por oito comissões de vereadores antes de ir a plenário. Apenas os quatro petistas votaram contra a sugestão.

A oposição tentou sem sucesso adiar a votação. “A Prefeitura doa terrenos públicos para instituições com trabalho social na cidade, mas cobra de uma entidade do próprio governo (a faculdade), igualmente com uma atividade social importante e reconhecida”, citou Wagner Lino (PT).

A polêmica financeira entre a Prefeitura e a faculdade começou em dezembro de 2004, quando o prefeito Willian Dib (PSB) pegou R$ 54 milhões da autarquia e usou para cobrir despesas da administração.

Logo em seguida, estudantes entraram com uma ação popular contra a medida, em que pediam a devolução do dinheiro para a instituição. A Justiça deu ganho de causa para os alunos. Os recursos serviriam justamente para a construção do novo prédio.

O estudante Marcelo Marques, que faz parte da congregação da faculdade (principal órgão institucional da entidade, formado por representantes dos alunos, professores e da mantenedora), lembra que o convênio para a construção do novo campus foi assinado pelas duas partes e agora a decisão de alterá-lo é unilateral. “Além disso, não se fala em valor”, comenta.

O vereador Ary de Oliveira (PR), líder do governo, atribui as críticas a proximidade da eleição municipal de outubro do ano que vem. “Não é um lugar qualquer, o terreno fica em uma área nobre e passará por avaliação da Prefeitura e da faculdade”, diz. Segundo ele, a administração deve abater R$ 20 milhões pelo terreno de 63 mil metros quadrados. “É abaixo do mercado”.