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Preconceito é paradigma a ser quebrado no curso

Estudante de Pedagogia da Anhanguera destaca que sociedade ainda vê carreira como opção exclusiva para mulheres

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
11/11/2014 | 07:00
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Escolher a carreira de professor inclui o enfrentamento de alguns paradigmas sociais, principalmente no caso dos homens. O preconceito tem sido um dos principais problemas vivenciados no dia a dia daqueles que optam pelo curso de Pedagogia.

“Infelizmente a Educação ainda é vista como carreira exclusiva para a mulher. As famílias têm dificuldade de deixar as crianças sob os cuidados dos homens, principalmente no caso das creches”, destaca o estudante do terceiro semestre do curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera de São Bernardo Rafael Lopes Lucena da Silva, 31 anos.

O aluno sente na pele a dificuldade em seguir pelos caminhos escolhidos. “Estou buscando estágio em creches e não consigo nenhuma vaga porque sou homem. É triste. Sabemos que o profissional não está na escola apenas para cuidar das crianças, mas também para trabalhar seu desenvolvimento sociomotor e cognitivo”, exemplifica.

Apesar da dificuldade, Silva não desanima. Pelo contrário. Tem planos de se especializar na Educação Infantil (para trabalhar com crianças com idade entre zero e 6 anos). “Quero fazer uma pós-graduação na área de alfabetização e letramento. Me sinto motivado em saber que tenho um paradigma a ser quebrado e um desafio grande”, destaca.

A Pedagogia surgiu na vida do estudante por acaso. “Quis outra alternativa para a minha profissão (auxiliar de vendas) e sempre gostei da Educação. Fiz o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e consegui bolsa de 100% pelo ProUni (Programa Universidade Para Todos), então vi que a Pedagogia valia a pena”, lembra.

A partir do início das aulas, Silva teve a confirmação de que havia escolhido a profissão certa. “Fui me encantando com a parte do desenvolvimento da criança e passei a me identificar com a área”, diz.

Empenhado, o aluno já está com o futuro profissional garantido. Foi aprovado em concurso público para trabalhar na Educação Infantil na Capital. “Daqui dois anos vou ser chamado”, comemora.

Embora saiba que o cenário para professor no País não é dos mais atrativos, Silva considera que a profissão é gratificante. “É emocionante ver a criança aprendendo a ler e a escrever. É uma área em que é preciso ter paixão.”

Docentes do sexo masculino são raros na Educação Infantil da região

Menos de 1% dos professores que atuam na Educação Infantil – com crianças com idade entre zero e 5 anos – na rede municipal de ensino do Grande ABC são homens. A maioria dos educadores que lidam com essa faixa etária de aprendizado, a primeira etapa da Educação Básica, é mulher – 5.626 no total, espalhadas por cinco das sete cidades da região.

Diadema é o município com maior quantidade de homens lecionando na Educação Infantil – 18 professores. Em contrapartida, são 915 professoras. Na cidade vizinha, São Bernardo, a rede de ensino direcionada a crianças entre zero e 5 anos tem 2.120 docentes mulheres e apenas 12 homens. Já Santo André apresenta quadro de oito educadores e 691 educadoras. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam.

É importante destacar que não há restrição para que homens sejam contratados para exercer cargos na Educação Infantil dos municípios, tendo em vista que a seleção dos profissionais ocorre por meio de concurso público.

A presença de educadores homens no primeiro ciclo da Educação Básica é fundamental para que as crianças passem a ter referência masculina em seu dia a dia. 




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