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Polícia apura ação de PMs em homicídio

Jovem morreu após ser jogado do mezanino de casa noturna em Mauá na sexta-feira

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
14/10/2014 | 07:00
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A polícia de Mauá confirma a suspeita de que militares participaram das agressões contra o jovem Rafael Mendes Caetano, 23 anos, ocorridas na madrugada de sexta-feira na casa noturna El Cuervo, na mesma cidade. O técnico em rádio e TV teve traumatismo craniano grave e morreu no início da tarde de ontem no Hospital Mário Covas, em Santo André. Após ser atingido por socos e coronhadas, ele foi jogado do mezanino da boate para o piso inferior, localizado cinco metros abaixo.

O delegado José Carlos de Melo, titular do 1º DP (Centro), acredita que é “bastante possível e provável” que o rapaz tenha sido espancado por policiais militares que estavam de folga, mas não forneceu identificações. “Neste momento ainda é prematuro apontar nomes. Estamos evitando isso para não praticar injustiça. O que eu posso garantir é que tenho indícios fortes e veementes de que até o final da semana estaremos com o caso completamente esclarecido e com as prisões decretadas.”

Na tarde de ontem, quatro policiais militares prestaram depoimentos no 1º DP. Eles haviam sido reconhecidos por amigos da vítima por meio de fotografias, mas não houve certeza por parte das testemunhas. A participação deles no crime foi descartada, segundo Melo. “Todos eles estavam de serviço em local distante e não tinham como estar lá”, assegura o comandante da PM em Mauá, tenente-coronel Paulo Barthasar.

Ele afirma que é comum testemunhas reconhecerem supostos envolvidos em um crime e depois voltarem atrás. “No afã de a vítima tentar reconhecer, acaba aproximando semelhanças. Mas isso não significa que não serão feitos outros reconhecimentos.”

As imagens de câmeras de circuito interno já foram colhidas pela Polícia Civil. No entanto, segundo o titular da delegacia sede do município, Alberto José Mesquita Alves, a qualidade do vídeo é ruim. Mesmo assim, o material pode colaborar com as investigações, principalmente depois do apontamento de suspeitos. “A partir do momento que você tem o suspeito, fica mais fácil fazer o confronto com as imagens e identificar altura, roupa, cabelo ou algum sinal específico.”

Barthasar salienta que, após as investigações revelarem os culpados, é provável que os envolvidos sejam afastados de suas atividades. “Em um caso como esse, existe a possibilidade da punição máxima, que é a exoneração.”

O metalúrgico Leandro Teodoro da Silva, que presenciou o crime, disse que iria ontem à Corregedoria da PM, no bairro da Luz, na Capital, para fazer o reconhecimento de suspeitos.

Até o fechamento desta edição, o corpo de Rafael ainda não havia sido liberado no IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André. Ele será enterrado no cemitério Memorial Jardim Santo André, localizado na Vila Humaitá. No início da noite de ontem, ainda não havia sido definido o horário do velório e do sepultamento.

Familiares e amigos clamam por justiça

Com cartazes, parentes e pessoas próximas a Rafael Mendes Caetano pediram por justiça em frente ao Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, onde o jovem morreu ontem. Em todas as inscrições, palavras contra a PM (Polícia Militar), já que há suspeitas de que os agressores que causaram a morte do rapaz sejam da corporação.

“A gente não sabe se tem medo do ladrão ou da polícia”, disse, aos prantos, a cuidadora Marlene Andrade, 42 anos, amiga de Caetano, mas a quem ele chamava carinhosamente de mãe.

Muito emocionada também estava a namorada de Caetano, Jucielly Amanda da Silva Gomes, 17. Ela contou que trocou mensagens com ele na noite do ocorrido, mas não sabia exatamente onde o namorado estava. “Ele disse que ia sair com um familiar e mais dois meninos para um bar jogar sinuca e depois me buscaria. A última mensagem que trocamos foi à meia-noite e meia.”

Com um mês de relacionamento, eles planejavam morar juntos. “Ele dizia que logo ia alugar uma casa e assumiria meu filho, de 1 e 4 meses. O Rafael era uma ótima pessoa, carinhoso, calmo e sempre disposto a ajudar os outros”, lembra a adolescente. “Nada trará meu irmão de volta, mas vamos lutar para que esses criminosos paguem pelo que fizeram”, falou Thiago Mendes, irmão da vítima. (Vanessa de Oliveira) 




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