Economia Titulo Imposto
IPTU foi o grande vilão da inflação de São Paulo
03/03/2010 | 07:00
Compartilhar notícia


A inflação na cidade de São Paulo, medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ficou em 0,74% em fevereiro, abaixo da taxa apurada em janeiro (1,34%) e da registrada na terceira quadrissemana de fevereiro (0,85%). A grande responsável pela alta foi a prefeitura, que aumentou o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) em 24% em média. Sozinho, o imposto respondeu por 0,23 ponto percentual de toda a inflação no período. Isso significa que o IPTU contribuiu com 31,09% do IPC no mês passado.

"Foi o preço que mais afetou o orçamento das famílias com renda contemplada pelo IPC-Fipe", observa o coordenador do índice, Antônio Evaldo Comune. O IPC-Fipe calcula a cada semana as variações quadrissemanais do índice de preços ao consumidor do município de São Paulo para a faixa de renda familiar entre um e 20 salários-mínimos.

Na última década, de janeiro de 2000 a fevereiro de 2010, o IPTU subiu 81,99%. Ou seja, se for retirada desse acumulado a alta só de fevereiro pode-se dizer que, nos últimos dez anos, até janeiro, o IPTU subiu 57,99% ou pouco mais do que duas vezes o reajuste promovido só no mês passado. Para Comune, é verdade que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) ampliou o número de imóveis isentos de IPTU, mas quem continuou pagando o imposto teve de arcar com despesa bem maior para esse fim. Por conta do IPTU, o grupo habitação saiu de leve alta de 0,15% em janeiro para variação de 0,77% em fevereiro.

Este grupo é o maior entre os sete que compõem o índice e tem ponderação de 32,79% do IPC. A variação do item habitação em termos nominais foi 0,10 ponto percentual a mais que o 0,52 ponto percentual para baixo do grupo alimentação, que saiu de alta de 1,52% em janeiro para 1% no mês passado.

Comune destaca ainda que em janeiro os alimentos brigavam de igual para igual com os piores vilões da inflação. Em fevereiro, no entanto, das 25 maiores quedas dentro do IPC-Fipe, 16 são alimentos. Destaque para frango (1,72%), alcatra (2,81%), óleo de soja (2,58%), contrafilé (2,87%) e uva (4,68%).

Dentro do grupo alimentação, de acordo com Comune, os itens que devem continuar pressionando a inflação nos próximos meses serão arroz e leite. No caso do leite, diz ele, há uma curiosidade: por causa do excesso de chuvas que asseguraram a boa qualidade dos pastos, a safra foi antecipada. Mas com a tendência de estiagem com o fim do verão, os valores devem voltar a subir. No que diz respeito ao arroz, os efeitos das chuvas foram contrários, já que muitas plantações foram prejudicadas. "Se eu fosse o governo, já começaria a importar arroz antes que os preços disparem", diz.

O grupo transportes, por sua vez, devolveu muito da alta de janeiro, saindo de 4,58% para 1,14% em fevereiro. Aqui, o destaque fica para a menor pressão de ônibus e metrô. A gasolina teve reajuste de 1,62% e o álcool de 0,14%. Mas, segundo a previsão do coordenador da Fipe, esses dois combustíveis tendem a ter seus preços reduzidos uma vez que as usinas já começaram a moer cana de açúcar da nova safra.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;