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Na região, metalúrgico ganha 79% mais
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
22/07/2011 | 07:05
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Os trabalhadores da base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ganham 79,2% mais do que a média nacional. Estudo do Dieese mostra que profissionais sem cargo de chefia na região têm renda mensal de R$ 3.242,83, enquanto o salário do metalúrgico brasileiro gira em torno de R$ 1.809,91. Considerando a média dos ganhos de todos os profissionais e bônus conferidos à classe no fim de 2010, a renda sobe para R$ 3.604,19.

A base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que congrega São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, representa a maior fatia dos metalúrgicos da região, com 107.533 trabalhadores. A região tem ainda mais dois sindicatos representativos, o de Mauá e Santo André e o de São Caetano. Nas três bases, somam-se cerca de 147 mil trabalhadores.

O salário entre os profissionais que atuam em montadoras – ramo mais representativo economicamente entre os metalúrgicos – recebem salário médio de R$ 6.125,71, quase o dobro do salário de autopeças, de R$ 2.695,55.

O presidente do sindicato, Sérgio Nobre, destaca que o fortalecimento das relações entre sindicatos e trabalhadores, que com mais informações aumentam a pressão sobre os patrões a fim de que cumpram a legislação trabalhista, garantiram mais benefícios aos trabalhadores. No ano passado, as montadoras conseguiram o maior reajuste em dez anos: de 10,8%.

EDUCAÇÃO - O estudo do Dieese mostra ainda que o perfil do metalúrgico da região está mudando, com mais trabalhadores com acesso à Educação. Em 1994 nem mesmo a metade (49%) do setor tinha o Ensino Fundamental completo e, hoje, 55% já terminaram o Ensino Médio e 13% dos trabalhadores das fábricas têm diploma. Neste último quesito, as mulheres saem na frente: somando as sete cidades, elas representam 12,9% dos que terminaram o Ensino Superior, ante 6% dos homens

EMPREGO – O levantamento revela também que 46% dos metalúrgicos trabalham na mesma empresa há mais de cinco anos. Quando contabilizado apenas as montadoras, 71% dos profissionais têm mais de cinco anos.

Nobre afirmou que o maior desafio para a categoria é ampliar a qualidade do emprego. O fato de entrarem jovens que se qualificam mais no segmento gera mudança no perfil desses empregados.

“Ele não quer apertar parafuso o tempo todo, virar um montador e não é isso o que queremos. Precisamos investir mais no setor do desenvolvimento, engenharia, é o que precisa aumentar ainda”, afirma.

Em 1994, exceto os cargos de chefia, 36% dos trabalhadores tinham até 29 anos. Em 2010, os metalúrgicos com essa faixa etária caiu para 33,3% do total. Já os trabalhadores com mais de 50 anos, que representavam 7% do total, hoje são 11,3%, conforme a pesquisa do Dieese.

 

Meta é ampliar participação das mulheres para 30%

A meta para os próximos três anos, disse Sérgio Nobre, é ampliar para 30% a representatividade das mulheres na categoria dos metalúrgicos. Faixa essa que está resumida a apenas 14,5% do contingente, percentual que se manteve praticamente igual em 17 anos. E elas continuam ganhando menos. Recebem no fim do mês R$ 2.319,05, ante salário médio de R$ 3.401,16 do homem. Esse valor menor recebido por elas puxa a média salarial na região para R$ 3.242,83.

A previsão é de fechar 2011 com 4% mais vagas do que em 2010, segundo a economista do Dieese Zeíra Camargo. Esse percentual tem sido o ritmo médio de expansão de postos de trabalho desde 2005, após período (de 1994 a 2003) que o setor amargou demissões e que ainda não se recuperou totalmente. Há 17 anos, eram 120 mil postos na base do Sindicato do ABC, contra 107.533 atuais. Uma das maiores reclamações do setor, que visa impedir demissões, é a enxurrada de itens importados, que prejudica a indústria nacional e compromete os empregos.




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