Política Titulo Pendurou as chuteiras
Ex-prefeito de Mauá, Donisete anuncia aposentadoria das urnas após terceira derrota consecutiva

Ex-petista colecionou vitórias sucessivas de 1996 a 2012 e decaiu

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
28/02/2021 | 07:00
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DGABC


Ex-prefeito de Mauá, ex-deputado estadual e ex-vereador da cidade, Donisete Braga (PDT) anunciou aposentadoria das urnas. Ao Diário, o pedetista, de 53 anos, declarou que a participação efetiva em eleições foi um “ciclo que se fechou” em sua vida.

“Comparo a minha situação à de um jogador de futebol. O Kaká (ex-meia da Seleção Brasileira e do São Paulo) encerrou a carreira com 34 anos. O Danilo (ex-meia), do Corinthians, poderia ter encerrado antes, mas arrastou a carreira, foi para o Vila Nova (de Goiás) e encerrou sua jornada de forma melancólica. Não significa que não vou participar dos bastidores da política. Mas estou desapegado de participar de pleito efetivo. Deixo para os mais novos a continuar a bandeira que carreguei”, ilustrou Donisete, que na semana passada anunciou que iria deixar o PDT.

Natural da cidade interiorana de Flora Rica, pequeno município da região da Alta Paulista, Donisete chegou em Mauá com 9 anos, em 1976. Trabalhou de engraxate e metalúrgico até entrar em comunidades de base da Igreja Católica no município. Foi ali que começou a fazer política de fato. Filiado ao PT, Donisete foi trabalhar como assessor do ex-vice-prefeito mauaense e atual secretário de Saúde de Santo André, Márcio Chaves (hoje no PSD), quando o atualmente pessedista, então no PT, era vereador.

Sua primeira vitória eleitoral veio em 1996, ano em que Oswaldo Dias (PT) levou o petismo pela primeira vez ao poder na cidade – Chaves, padrinho político de Donisete, foi vice. Donisete recebeu 2.593 votos. Dois anos depois, lançou candidatura a deputado estadual. Obteve 28.739 votos, mas não se elegeu. Foi reconduzido à Câmara de Mauá em 2000, com 2.227 adesões, porém ficou pouco tempo.

Naquele ano, soube que viria deputado estadual. Com o triunfo de José de Filippi Júnior (PT) à Prefeitura de Diadema, Donisete herdou a cadeira do correligionário na Assembleia Legislativa. Foi ali que o político passou maior parte de sua carreira pública. Esteve no Parlamento paulista até 2012 – no meio tempo, chegou a ter seu nome associado à morte do prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André, em suspeita que nunca se confirmou. Saiu da Assembleia depois de vitória na corrida à Prefeitura de Mauá, em duelo histórico contra Vanessa Damo (MDB), sua então colega de Legislativo.

Quando se esperava que Donisete, no ápice eleitoral, iria se consolidar como maior liderança do petismo na cidade, os rumos foram diferentes. A gestão Donisete registrou altos e baixos. Acolheu aquele que seria o algoz do futuro: Atila Jacomussi (PSB) foi superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) e, depois, concorreu contra Donisete em 2016. O socialista foi eleito, dando início à derrocada de Donisete.

O ex-prefeito naufragou no projeto a deputado federal, já fora do PT (estava no Pros) e, no ano passado, registrou pífio desempenho eleitoral no pleito ao Paço, no PDT, obtendo somente 5.174 votos e ficando na sexta colocação.

“A minha história nunca vou esquecer. Muitas pessoas acham que eu apareci na política por ter padrinho político poderoso. Pelo contrário. Cheguei até aqui não foi à toa. Na minha vida consegui tudo batalhando. Agradeço a muitas pessoas. Agradeço ao Márcio Chaves, ao Rui Falcão (ex-deputado), ao Oswaldo Dias. Agradeço a tantos outros que contribuíram com minha vida político-eleitoral. Sou muito grato não só ao PT, como aos outros partidos que sempre respeitaram”, citou Donisete, que, como corintiano fanático, voltou a recorrer a comparações futebolísticas para falar sobre seu momento. “Hoje o Vagner Mancini (técnico do Corinthians) é técnico do Corinthians. Eles já foram jogadores. Posso emprestar minha experiência jogando em outra posição. Agora quero curtir minha família.”
 




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