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Último filme dos X-Men na Fox é uma despedida honesta, digna enquanto agridoce

Na ação, Jean Grey (Sophie Turner) se coloca em risco, absorvendo uma explosão solar que dizimaria os amigos

Richard Margoni Molina
Especial para o Diário
11/06/2019 | 07:00
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Divulgação


A franquia X-Men é uma das mais antigas do cinema. O primeiro filme estreou em 2000 e, de lá para cá, a série passou por capítulos excepcionais e também extremamente ruins, acompanhados de retcons (quando se altera fatos previamente estabelecidos para contar uma nova história) e algumas incongruências cronológicas. O último longa da saga sob o manto da Fox, X-Men: Fênix Negra, em cartaz nos cinemas do Grande ABC, não é o capítulo mais brilhante da franquia, mas tem seus agrados.

A Saga da Fênix Negra, um clássico dos quadrinhos saído das mãos de Chris Claremont e John Byrne, já foi adaptado no terrível O Confronto Final (2006). O resultado desastroso deixou o estúdio em dívida com os fãs. Simon Kinberg, um dos roteiristas daquele filme, assumiu essa dívida e a direção do novo longa, que também escreve. E embora esta nova adaptação ainda tenha distanciamento do material-fonte, é bem mais honrada.

Os X-Men não são mais rejeitados, por hora. Convocados pelo presidente dos Estados Unidos, saem em missão espacial de resgate de um foguete da Nasa que perdeu o controle. Na ação, Jean Grey (Sophie Turner) se coloca em risco, absorvendo uma explosão solar que dizimaria os amigos. Isso faz seus poderes darem um salto gigante, liberando traumas e fazendo suas capacidades escaparem ao controle.

Sophie é uma protagonista/antagonista competente, e suas ações como Fênix têm coerência no roteiro. O Xavier de James McAvoy falhou com ela, e a personagem alienígena Vuk (Jessica Chastain) é o diabo em seu ouvido quando ninguém lhe estende a mão.

Personagens não essenciais são rapidamente removidos de cena. Jennifer Lawrence termina a sua participação como Mística, a maquiagem preguiçosa combinando com sua atuação. Já o Mercúrio de Evan Peters é um querido dos fãs, mas, após o destaque em filmes anteriores, é retirado de cena agora.

Ganham destaque Noturno, Fera e Ciclope (Tye Sheridan). O líder de campo dos X-Men, que foi um dos mais maltratados nesses 19 anos de adaptações para o cinema, ao menos aqui tem sopros de esperança, assumindo posições e responsabilidades. Os embates físicos de Magneto com a Fênix são tensos, obrigando o vilão a se comportar como herói e depois anti-herói para proteger e vingar os seus.

Por fim, Fênix Negra narra um conflito contido e com reverberações grandiosas. Faz falta um planejamento adequado como o da Marvel Studios em seu universo (a alien de Chastain acaba genérica, um misto de vários personagens já aproveitados e desperdiçados). Mas mesmo pouco pré-desenvolvida, a trama não é pobre, tem seus méritos. Jean Grey é um produto das suas escolhas, da sua autoaceitação e das suas relações.

O penúltimo filme da Fox com personagens da Marvel (a se contar Os Novos Mutantes, previsto para abril de 2020) é uma despedida honesta, fiel ao que representa a Fênix, não só destruição, mas renascimento. Com a compra da Fox pela Disney, os mutantes logo serão inseridos com outra roupagem no universo dos Vingadores no cinema. Só não podem, no futuro, perder sua essência: serem representantes e militantes das classes marginalizadas nos quadrinhos e telonas.




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