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Ciência é aliada do basquete feminino de Santo André

Jogadoras usam equipamento que aprimora a percepção do foco no momento do arremesso

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
11/03/2019 | 07:32
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Divulgação


Ciência, tecnologia e esporte estão cada vez mais envolvidos. Seja na confecção de bolas e uniformes, seja na recuperação física de atletas. Mas em Santo André, a ex-jogadora de basquete Luciane Moscaleski está dando um passo à frente e liderando estudo inédito no Brasil nas áreas de neurociência e cognição, que promete mudar significamente o desempenho de esportistas.

Ela recebeu o aval do técnico do basquete Bruno Guidorizzi, da secretária adjunta de Esportes, Laís Elena, e da diretora técnica, Arilza Coraça, para testar na prática o que vem estudando. Candidata ao mestrado no Programa de Pós-graduação em Neurociência e Cognição da Universidade Federal do ABC, Luciane tem investigado as estratégias que as jogadoras usam antes do arremesso e com ajuda de equipamentos importados e sofisticados melhorado significativamente o desempenho das atletas.

Os primeiros testes foram feitos no segundo semestre de 2018 com óculos de eye tracking. Com sensores interligados a programa de computador, mostra o foco da jogadora. “Por mais que elas achassem que olhavam primeiro para o aro, os testes mostraram o contrário. Não havia foco definido, era como se arremessassem em aro em movimento”, explica Luciane.

Uma das jogadoras submetidas aos testes foi a experiente pivô Simone Lima, 39 anos, que viu seu desempenho nos lances livres saltar de 56% para 81% de aproveitamento no último Campeonato Paulista, vencido pela equipe andreense.

“Melhoramos a percepção e o foco da Simone frente à tarefa de executar arremesso com mais eficiência. Existem muitas evidências científicas que nos dão alicerce para seguir e contribuir ainda mais com a prática. Gerar este estudo foi uma honra por aproximar a ciência das quadras”, emociona-se Luciane, que fica arrepiada quando lembra da evolução obtida.

Os estudos caminham no sentido de fazer parte da rotina de jogadoras desde a base para que elas aprendam a melhorar o foco. “Oferecemos nova percepção que é puramente treinável”, enfatiza Luciane.

O objetivo esbarra no alto custo dos equipamentos, que giram em torno de R$ 200 mil. Para realizar os testes, Luciane conta com apoio de quatro instituições: a Escola de Educação Física e Esporte da USP (Universidade de São Paulo), com o professor Alexandre Moreira; o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra do Instituto Santos Dumont de Macaíba-RN, com o professor Edgard Morya; a UFABC, com o professor Alexandre Okano; e a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, de Bauru, com os professores Fábio Barbiere e Luiz Henrique Palucci Vieira. Ainda há a parceria com a Brain Support, empresa que faz estudos neurocientíficos.

Em paralelo, Luciane também aplica na equipe andreense testes capazes de fazer diagnóstico físico das atletas em tempo real. Elas usam espécie de GPS nas costas que monitora as movimentações e produz relatório individualizado. “Com os dados tenho embasamento para tirar a jogadora de um treino ou pedir para a preparação física intensificar o trabalho. Acaba prevenindo lesões e fazendo com que a atleta se mantenha mais tempo na zona com maior intensidade física”, finaliza Luciane. 




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