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Polícia vai investigar trote na Medicina ABC
Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
25/02/2006 | 08:02
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A Polícia Civil abriu inquérito para investigar denúncia de abusos e trote violento na Faculdade de Medicina do ABC. O delegado Alcides Vianna, do 4º DP de Santo André, informou que as diligências para identificar veteranos envolvidos começam neste sábado.

Sexta-feira, um aluno registrou boletim de ocorrência, registrado como lesão corporal dolosa, ameaça e constrangimento ilegal. O trauma foi tão grande que o rapaz desistiu de estudar na faculdade. A família da vítima pretende processar a instituição por danos morais, já que os abusos teriam ocorrido dentro do campus. Por falta de outra faculdade para fazer, o rapaz perderá o ano.

Rafael (nome fictício) conta ter sido agredido e humilhado. “Mandaram os calouros tirar as calças dentro do campus da faculdade, na frente das garotas. Nos obrigaram a pagar cerveja e ficar fazendo flexões sem parar”, conta o rapaz. Ele afirma que chegou a ser pisoteado. A mãe dele classifica o tratamento recebido como “tortura mental”.

O estudante não é o primeiro que acusa veteranos da Medicina do ABC da pratica de abusos durante o trote. Uma moça teve insolação, após horas fazendo pedágio. Um rapaz ficou desidratado porque, segundo acusam os calouros, os veteranos só dão água quando eles conseguem determinada quantia em dinheiro.

O presidente da Atlética, Gabriel Teixeira, nega as acusações. Segundo ele, ninguém é obrigado a participar do pedágio, que serve para financiar a Camed, jogos universitários dos quais participam calouros de várias instituições.

O diretor da faculdade, Luiz Henrique Paschoal, confirma que trotes ocorreram dentro do campus e que veteranos do sexto ano já identificados serão punidos. “Terá de ser uma punição exemplar. Sou totalmente contra isso. A linha entre a brincadeira e a violência é muito tênue”, diz Paschoal. O resultado de uma sindicância sobre os trotes sai no dia 3 de março. Em 2004, 600 alunos foram suspensos acusados de envolvimento com a prática ilegal.

As mães dos calouros declararam guerra aos veteranos. Todos os dias, várias mulheres se encontram na faculdade para tentar impedir novos abusos. Os alunos, segundo os próprios veteranos, têm de fazer vários dias de pedágio. Ao todo, nove dias, afirma quem já passou pelo trote. A meta de arrecadação da Atlética para todos os alunos é de R$ 15 mil, dizem veteranos.

Outra queixa dos novatos é que eles não conseguem assistir às aulas, já que o período de trotes duraria mais de um mês. Tempo em que a mensalidade R$ 2.080 é dinheiro jogado fora, afirmam os calouros.




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