Após conceber os movimentos, Israel Gálvan, astro da dança flamenca contemporânea, apresenta-os a seus músicos para que, juntos, criem as frases melódicas que vão preencher os espaços restantes de um novo espetáculo.

Essa é a fórmula do espanhol de Sevilha que conquistou críticos mais severos. "Intuitivo", "audaz", "transgressor" e "revolucionário" são alguns dos adjetivos que coleciona há pouco mais de dez anos, início de sua carreira profissional. Entre seus admiradores está a coreógrafa alemã Pina Bausch, criadora do festival NRW International Dance Festival, na Alemanha, onde Israel marcou presença na última quarta-feira.

"Creio que propiciei uma evolução em meu corpo e desenvolvi uma forma muito pessoal de pensar o flamenco. A crítica se acostumou a estampar selos em qualquer tipo de manifestação artística, mas a idéia é contar o flamenco", afirma Galván. "Minha intenção é fugir de todos os clichês do flamenco e ter toda a liberdade possível."

O bailarino, filho de José Galván e Eugenia de los Reyes, responsáveis pela introdução de Israel na dança secular, chega ao País pela primeira vez no auge da carreira, com dois espetáculos.

Solo, que Galván apresenta neste sábado, às 20h, com entrada franca, na 28ª edição da Bienal, no Parque do Ibirapuera, é uma coreografia baseada na improvisação. "Uso o meu corpo como instrumento de percussão", adianta.

Já em La Edad de Oro, espetáculo criado em 2005 que será apresentado no Sesc Vila Mariana (tel.: 5080-3000), nas próximas terça e quarta, às 21h, ele regressa às raízes do flamenco, acrescentando seu estilo contemporâneo, para abordar a época de ouro da dança. "Acompanham-me um violonista e um cantor. É a coreografia em sua forma mais básica, mais essencial e por isso mais difícil. Exige muita verdade."