Julinho Fuzari pede que secretária de Educação de São Bernardo seja exonerada depois de conclusão do MP
O vereador Julinho Fuzari (PPS) protocolou ontem na Prefeitura de São Bernardo ofício solicitando a exoneração da secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT), apontada pelo Ministério Público como integrante de grupo que superfaturou licitações para compra de tênis e mochilas em 2009. O Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), vinculado ao MP, pediu prisão preventiva da petista.
No documento, encaminhado diretamente ao prefeito Luiz Marinho (PT), Julinho justifica a medida pela conclusão dos trabalhos do Gaeco, que indicou desvio de pelo menos R$ 4 milhões e prática de cartel no processo licitatório. “Como vereador, tenho função de fiscalizar os atos do Executivo”, alegou o popular-socialista.
Além de Cleuza, o parlamentar oposicionista requereu a saída de Sérgio Moreira, braço-direito da secretária de Educação, ex-servidor da Pasta que atuou diretamente nos editais fraudados e que hoje está lotado no setor de compras de Saúde da FUABC (Fundação do ABC). Os três procuradores municipais citados no processo e que também tiveram prisão preventiva decretada estão na lista de exonerações protocolada pelo vereador.
Na sexta-feira à tarde, o Gaeco ABC denunciou formalmente Cleuza, Sérgio Moreira, três procuradores e 15 empresários à Justiça. Os crimes indicados foram formação de quadrilha, uso de documentação falsificada, dispensa ilegal de licitação, abertura de possibilidade de modificação de contrato sem autorização e peculato (apropriação indébita de dinheiro público).
Ontem, novamente a administração Marinho não se posicionou sobre o tema – mesma postura tem sido tomada desde o início das investigações no MP. A secretária deu expediente normalmente na Pasta de Educação.
CASO
Segundo o MP, grupo de empresários agiu em conluio para burlar licitações de compra de tênis e mochilas. Eles combinaram preços e vencedor, e tinham em Sérgio Moreira o elo na administração pública para consolidação do esquema.
O primeiro passo para efetivação da fraude foi inversão do certame, colocando critério subjetivo (análise de amostras) antes da coleta de propostas – alteração foi consentida por Cleuza. Essa avaliação dos itens era feita por Sérgio Moreira, advogado e sem formação especializada na área têxtil.
Após divulgação do resultado, a vencedora comprava produtos das concorrentes, com valores menores do que os oferecidos pelas licitantes.
Indecisa, base espera volta de Marinho
A base de sustentação ao prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), deve definir hoje, na tradicional reunião entre governo e os 20 vereadores governistas, qual posicionamento que será tomado com relação à secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT), que teve pedido de prisão preventiva decretada pelo Ministério Público.
O mais provável é a consolidação do convite à titular da Pasta para se explicar na Câmara. Entretanto, nenhuma posição oficial foi definida porque o chefe do Executivo só volta amanhã da viagem feita a Israel na sexta-feira. Sem Marinho, nem mesmo o PT se arrisca a discutir leque de possibilidades ao caso Cleuza.
Com o cancelamento da reunião com governistas que estava agendada para sexta-feira e a conclusão dos trabalhos do Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), cresceu o movimento a favor da convocação da chefe da Educação da cidade. Inicialmente a tese era defendida por pelo menos 12 vereadores descontentes com a postura do Paço, mas há quem garanta que até petistas estão dispostos a solicitar a presença de Cleuza.
A reunião de hoje será conduzida pelo secretário de Governo, José Albino (PT), e a administração petista se articula para que nenhum outro governista assine a CPI dos Uniformes no Legislativo – o documento conta com oito assinaturas, sendo uma delas do situacionista José Alves da Silva, o Índio (PR).
“Devido à repercussão, é possível que algum vereador queira levar o debate. Estamos preparados para essa discussão”, discorreu o líder do governo na Casa, José Ferreira (PT).
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