Setecidades Titulo Educação
Faculdade de Medicina quer
se tornar centro universitário

Objetivo da instituição da região é ter mais autonomia;
viabilidade de abertura de cursos também é estudada

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
27/01/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Criada há 45 anos, a FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) planeja tornar-se centro universitário e ampliar sua autonomia. Reeleito para passar mais quatro anos à frente da instituição de ensino, o cirurgião torácico Adilson Casemiro Pires destaca que a expansão é uma das metas de seu mandato. Entre os possíveis projetos, segundo o diretor, também está a abertura de cursos.

“Tivemos um primeiro mandato de turbulência e problemas administrativos. Agora o projeto é crescer”, observa Pires. A proposta ainda precisa ser aprovada pela congregação da FMABC para que o estatuto seja modificado e a instituição possa iniciar o processo de credenciamento junto ao MEC (Ministério da Educação).

Na prática, a principal mudança é a autonomia universitária, tendo em vista a possibilidade de chancelar os diplomas emitidos. Hoje, os documentos são encaminhados para serem chancelados na USP (Universidade de São Paulo).

Outro projeto que deve ser apresentado à congregação é a abertura de cursos, como Psicologia, Biomedicina e Educação Física. Na cerimônia de posse, realizada na quinta-feira, o diretor da instituição prometeu o aumento de 50 vagas no curso de Medicina (hoje o vestibular seleciona 110 candidatos) e a abertura de duas novas graduações: Tecnologia em Gestão Hospitalar e Tecnólogo em Radiologia para este ano. “Vamos investir em pesquisa e na nossa pós-graduação lato sensu”, diz.

Para Pires, a instituição conseguiu atingir equilíbrio financeiro. “Há quatro anos, éramos totalmente dependentes das mensalidades dos alunos e hoje a receita acadêmica representa apenas 30% do total”, destaca.

A mudança foi possível graças a convênios firmados na prestação de serviços às prefeituras e na assessoria em saúde, parcerias com instituições nacionais e internacionais para capacitação profissional na pós-graduação e atendimentos no campus por meio de operadoras de saúde. O orçamento anual saltou da ordem de R$ 30 milhões para R$ 70 milhões.

A qualificação docente também está entre os planos, já que é vista pelo diretor e ex-aluno da instituição como a melhor forma de aperfeiçoar a qualidade do ensino na FMABC. “Temos uma prestação de serviços à comunidade bárbara com a oferta de exames especializados, ambulatório com profissionais qualificados e serviços que já se tornaram referência no País, como é o caso do setor de reprodução humana”, ressalta.


Diretor critica postura de ministério

O resultado do último exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) mostra que mais da metade dos médicos recém-formados apresenta deficiência de conhecimento na área. Os profissionais obtiveram média de acertos menor do que 60%.

Na visão do diretor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Adilson Casemiro Pires, a tendência é de piora nos resultados, tendo em vista a postura atual do MEC (Ministério da Educação), que incentiva a abertura de cursos de medicina. “Há cerca de dois anos, a proposta do Ministério da Educação era fechar cursos não qualificados e essa nova posição, mais liberal, é muito ruim”, comenta.

Apesar de não obter os dados atualizados sobre o desempenho da FMABC no exame, Adilson destaca que a instituição está entre as melhores do Estado. O curso de Medicina conquistou nota máxima no último Enade (Exame Nacional de Avaliação de Estudantes) do governo federal, além de aprovação superior a 90% dos formandos.

Já o índice de reprovação dos recém-formados no Cremesp foi pior entre as instituições privadas – 54,38% de acertos. O exame contou com a presença de 2.525 egressos das 28 escolas médicas paulistas que funcionam há mais de seis anos. “O resultado mostra a má formação dos indivíduos em temas comuns. Infelizmente, o conselho não tem poder para impedir que essas pessoas despreparadas adentrem o mercado de trabalho”, observa o coordenador do exame do Cremesp, Bráulio Luna Filho.
 




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