Responsável por publicar o vídeo no qual o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), hostiliza opositores ao Estatuto do Magistério, o fotógrafo Igor Pereira, 34 anos, garantiu não ter editado o material, rebatendo acusação do petista.

Em 30 minutos, as imagens presentes no site YouTube mostram Marinho criticando duramente professores contrários às mudanças na rede pública, alterações essas que extinguirão concurso público para cargos de direção, abrindo possibilidade de apadrinhamento em vagas de destaque na Secretaria de Educação. Na terça-feira, questionado pela equipe do Diário, o chefe do Executivo declarou que não iria se pronunciar sobre o vídeo porque havia edição.

Segundo Pereira, a gravação foi feita por um professor que não quis se identificar. Ele recebeu o material bruto. “A pessoa me alertou que o prefeito poderia utilizar esse argumento (de cortes no vídeo) para poder se defender. Ela não queria abrir brecha e mostrar como foi o comportamento dele (Marinho) durante o evento.”

A filmagem foi feita na quinta-feira, quando Marinho sancionou o Estatuto do Magistério, em atividade com toda a rede no Cenforpe (Centro de Formação de Professores). O fotógrafo afirmou que, como não houve edição, demorou mais de três horas para conseguir postar o vídeo no YouTube.

De acordo com ele, outros dois materiais foram encaminhados. Um vídeo de pouco mais de um minuto, com as considerações finais de Marinho, e outro da explanação da secretária de Educação, Cleuza Repulho, sobre as novas regras para o sistema municipal.

“Apesar de a Cleuza ter tido muitos problemas com os professores, a fala dela foi serena, tranquila, de explicação do Estatuto. Nesse momento não houve atrito com os professores, que também prestavam atenção. O burburinho começou quando o prefeito pegou o microfone. Ele começou a fala num tom tranquilo, mas passou a criticar muita gente, a querer jogar um contra o outro (entre professores defensores das alterações e contrários à medida)”, disse.

FRASES

O vídeo apresentou o discurso mais ácido do prefeito a opositores do polêmico Estatuto do Magistério, aprovado no mês passado pela Câmara sob forte esquema de segurança e protestos do professorado – houve até invasão do plenário para que a votação do tema fosse paralisada.

Marinho declarou que professores contrários às regras tinham “confusão mental”, coagiu profissionais dizendo que vai observar possíveis turbulências na rede por conta do novo estatuto e jogou a responsabilidade pela aprovação do projeto ao Legislativo.

Parlamentares do PPS prometem encaminhar o material publicado na internet ao Ministério Público.