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Então é Natal

Não, não é todo mundo que é filho de Papai Noel. Só alguns, como:

Carlos Brickmann
25/12/2011 | 00:00
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Não, não é todo mundo que é filho de Papai Noel. Só alguns, como:

1 - O senador Jader Barbalho. O Senado está em férias, mas a Mesa se reunirá extraordinariamente neste dia 28 de dezembro para dar posse a Sua Excelência. Assim, ele receberá R$ 30.283,13 - ajuda de custo de início do ano legislativo, mais quatro dias de salário de dezembro, e estará livre da maldição bíblica de ganhar o caviar com o suor de seu rosto. Em janeiro, ainda sem trabalhar um só dia, Jader receberá R$ 26.723,13 de salário. Em fevereiro, recebe o dobro: o salário e, de novo, a ajuda de custo do início do ano legislativo.

2 - Os deputados estaduais de Pernambuco. Quem exerceu o mandato entre setembro de 1994 e dezembro de 1997 tem direito, por ato administrativo da Assembléia, a receber pouco mais de R$ 1 milhão, a título de auxílio-moradia - mesmo que seu domicílio estivesse no Recife, bem pertinho do local de, digamos, trabalho. Recebem auxílio para morar na própria casa. Falemos só desses casos, em que o escândalo é maior: o caro leitor nunca imaginou receber aluguel para morar na própria casa. E a que partidos se filiam os parlamentares beneficiados pela falta de vergonha? PT, PSDB, PSC, PV, PCdoB, PP, PSD. Ah, o detalhe final: como a dinheirama se refere a tempos idos, já vem com juros mensais.

E, claro, não são apenas estes os filhos de Papai Noel. Há muitos, muitos mais, que o Bom Velhinho mantém numerosa prole. Mas há também uma boa notícia, um segredo que agora lhe será revelado: caro leitor, o Papai Noel é você.

Brincadeira de papel

Nesta época de Natal, o candidato a prefeito de São Paulo pelo PMDB, Gabriel Chalita, está fazendo farta distribuição gratuita de seu livro O Pequeno Filósofo. Quando não era candidato (e já tinha escrito uma meia centena de livros), Chalita jamais os distribuiu tão maciçamente, nem gratuitamente. Uma dúvida: qual o bondoso Papai Noel que custeia esta caríssima mensagem do candidato?

Feliz a cantar

Faz mais de cem anos e continua atual. Em 9 de novembro de 1889, com o Brasil em crise econômica, insatisfações diversas (os escravos, libertados, foram jogados no meio da rua, sem meios de sobrevivência; os senhores de escravos, acostumados à escravidão, ainda não haviam conseguido adaptar-se à nova ordem), ascensão de grupos republicanos, realizou-se o magnífico Baile da Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro. Era uma homenagem aos oficiais do navio chileno Almirante Cochrane, atracado na Baía da Guanabara; mas foi também a festa de bodas de prata da princesa Isabel e do conde d'Eu. O baile custou 250 contos de réis, algo como 10% do orçamento da Província do Rio de Janeiro para todo o ano seguinte. Seis dias depois caía a Monarquia e era proclamada a República.

A cidade e as serras

Houve época, antes das privatizações, em que o Governo brasileiro entrou no próspero negócio da goiabada: o então BNDE virou dono de uma fábrica de conservas e produzia, além da goiabada, massa de tomate, marmelada, essas coisas.

Velhos tempos? Não: o Governo do Rio negocia sua participação no capital da Le Cordon Bleu, famosíssima escola francesa de culinária que pretende abrir uma filial. De certa forma, é investimento em educação. E boa gastronomia também é cultura. Já a região serrana do Rio, aquela destruída por tempestades há um ano e que o Governo prometeu reconstruir, para ela não há verbas. O colunista Fernando Gabeira esteve lá, fez entrevistas, fotografou, e as obras não achou.

A dona da bola

A Constituição proíbe a censura em todo o país - menos, ao que parece, em Camaçari, Bahia, em que a esposa do prefeito, deputada estadual Luiza Maia, do PT, acha que como primeira-dama é também a dona da cidade. Ali, no 1º Festival de Blues e Jazz, Luiz Caldas cantou seu maior sucesso, Fricote ("Nega do cabelo duro, que não gosta de pentear"). Por isso, Luiza Maia determinou que o cantor fosse multado em 30% do pagamento. Alega que a letra "apresenta cunho racista e depreciativo às mulheres negras". Se isso fosse verdade, deveria processá-lo, não cortar parte do pagamento. Sua Excelência poderia pesquisar um pouco antes de falar bobagem: "Nega do cabelo duro, qual é o pente que te penteia", é um verso clássico de David Nasser; "O teu cabelo não nega, mulata" é outro clássico, de Lamartine Babo; "lá vem o seu china na ponta do pé", de Oswaldo Santiago e Paulo Barbosa, ou "Jacó, a senhor me prometeu", de Adoniran Barbosa, nenhum destes versos é racista ou ilegal. Ilegal é afrontar a Constituição.

Tá faltando um

A Polícia Federal indiciou a Chevron, que perfurou o poço do Campo de Frade (aquele que vazou e levou um tempão para ser domado); a Transocean, dona da plataforma de perfuração (aquela antiga, desativada, em que deram uma ajeitada e trouxeram para o Brasil); e 17 executivos das duas empresas, entre eles o presidente da Chevron no Brasil, George Buck. Segundo o delegado Fábio Scliar, as empresas usaram "práticas temerárias" que levaram a danos ambientais.

A questão agora está nas mãos dos promotores. Este colunista só tem uma dúvida: a Petrobras, sócia da Chevron com 30% neste empreendimento, está fora?




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