Setecidades Titulo
Decisão de juíza revolta autoridades e pacientes
Por Adriana Gomes
Do Diário do Grande ABC
28/10/2005 | 08:51
Compartilhar notícia


A decisão da juíza Fátima Douverny, do 8º Ofício Cível do Fórum de São Bernardo, que concedeu liminar nesta semana para permitir que E.L.J. pulasse 634 lugares na fila de transplante de fígado do Estado, causa indignação entre pacientes e autoridades da saúde. A decisão teria contrariado os critérios do Ministério, que estabelecem como prioritários os pacientes com insuficiência hepática gravíssima ou que necessitem de retransplante imediato, devido à rejeição do órgão. E., 39 anos, estava em 635º lugar na fila e não se enquadraria em nenhum dos casos. A família da paciente não foi localizada quinta-feira para comentar o caso.

"Meus médicos informaram que eu já estava ‘na boca do transplante’ e essa pessoa passou na minha frente. É muita injustiça, pois duvido que haja alguém em pior estado de saúde do que eu. Estou inchado, sofrendo com barriga d’água. Tomo diuréticos há anos, o que parece ter complicado minha situação. Já tive sintomas de encefalopatia (que causa perda de memória) pelo menos cinco vezes", narra L.P., 49 anos, morador da Freguesia do Ó, na capital, que deveria ter recebido o fígado transplantado na moradora de São Bernardo nesta semana. Ele estava na ponta inicial da fila do Estado, que tem nada menos do que 3.832 pacientes.

"Estou proibida de me manifestar sobre qualquer processo pela Lei Orgânica da Magistratura", disse quinta-feira à reportagem a juíza Fátima Douverny. No despacho que beneficiou a paciente de São Bernardo, ela alegou "preferência absoluta (...) pelo critério de compatibilidade, independentemente da posição cronológica na fila de espera". A decisão deixou perplexos os responsáveis pela Secretaria de Estado da Saúde.

"Isso está totalmente errado. Todos que entram na lista de transplantes estão em estado grave; claro que alguns mais do que outros. É a última alternativa, depois de tentar-se outras, como tratamentos medicamentosos. Mas beneficiar uma pessoa em detrimento de outras 3,8 mil é injustiça. Somos completamente solidários à paciente e torcemos para que fique bem, mas não podemos admitir que, para beneficiar uma pessoa, outras milhares sejam prejudicadas", declara o secretário de Saúde do Estado, Luiz Roberto Barradas Barata. Ele informa que, por conta dessa e de outras decisões judiciais recentes consideradas equivocadas, será organizado encontro da Saúde Estadual com juízes da Fazenda Pública para esclarecer como funciona o sistema de transplante de órgãos. Embora ainda não haja data para a reunião, o secretário diz que será "o mais rápido possível".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;