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Fábrica da Ford opera com 42% da capacidade
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
30/10/2005 | 08:31
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A chegada de um novo veículo compacto para ser fabricado na Ford de São Bernardo tem outro objetivo importante, além de garantir o emprego de 4 mil funcionários da montadora no Grande ABC. Com esse modelo, que entra na linha de montagem a partir de 2008, a empresa aposta, sobretudo, na redução do grau de ociosidade da fábrica, que atualmente opera com 42% da capacidade. A unidade, que produz veículos de passeio e caminhões, é capaz de montar até 200 mil veículos por ano, mas atualmente fabrica 84 mil.

A vinda do novo produto foi autorizada pela matriz norte-americana, após um trabalho de convencimento da filial brasileira de que a unidade é competitiva. A decisão foi precedida de um acordo fechado com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) para reduzir custos de produção, após cinco anos de negociações. No acordo está prevista a terceirização de alguns setores para reduzir o valor final do carro.

Anunciado no último dia 22, o novo veículo consumirá investimentos de US$ 100 milhões no desenvolvimento e alterações na linha de produção. O projeto do carro ficará por conta de engenheiros brasileiros.

O anúncio promete dar fôlego à fábrica de São Bernardo, que vem amargando queda da produção de carros de passeio devido ao recuo das exportações, em razão do dólar baixo. O problema fez a montadora cortar sua meta de produção de veículos de passeio da unidade, de 60 mil previstos em 2005 para 52 mil – um corte de 13%.

Com essa baixa, a fábrica deverá atingir um volume total de 84,5 mil unidades este ano, incluindo a meta de 32,5 mil caminhões, segundo projeções do sindicato.

Fatia – O Diário apurou que a montadora tem interesse claro de ganhar fatia de mercado no segmento de compactos – também conhecido como populares – e, como conseqüência, reduzir a ociosidade da fábrica. “A matriz não faria um investimento desse porte se não fosse para ter algum tipo de retorno”, disse um graduado funcionário da fábrica que pediu para não ter o nome revelado. A Ford não comentou o assunto e preferiu apenas reiterar o anúncio do novo produto.

Para o diretor do sindicato na Ford, Rafael Marques, a medida também vai resolver alguns problemas na unidade, gerados com a queda da produção. O principal deles é a retomada da jornada de 40 horas no setor de veículos de passeio que, com a queda das exportações, opera com apenas 32 horas semanais. “O anúncio foi um esforço conjunto com a empresa e resgata o ânimo entre a categoria.”

Para o diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, a chegada do carro é uma alternativa para retomar o ritmo de produção afetado com o câmbio baixo. “O anúncio veio em boa hora, principalmente porque o cenário para o setor automotivo não é tão bom por conta do recuo do dólar, que afeta as exportações.”




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