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Após forte crise, Mercedes irá contratar em São Bernardo

Depois de reduzir em 2.000 o quadro de funcionários em 2016, montadora recruta 266 trabalhadores

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
23/12/2017 | 07:16
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Claudinei Plaza/DGABC


Após amargar forte impacto das crises política e econômica, que resultou em PDVs (Programas de Demissão Voluntária) que enxugaram excedente em torno de 2.000 trabalhadores ao longo do ano passado, e reduziram sua operação na região em 20%, a fábrica de São Bernardo da Mercedes-Benz volta a ‘respirar’. A companhia anunciou nesta semana que está com vagas abertas para 266 profissionais.

Segundo Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina, as contratações são reflexo de uma economia que “está dando indícios de recuperação, mesmo que lenta”. “Diariamente, estamos recebendo novos pedidos de clientes para a compra de caminhões e ônibus. Por essa razão, sentimos a necessidade de ampliar o nosso quadro de colaboradores”, afirma, por meio de nota.

Para o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, mesmo com as admissões ainda há um longo caminho a se trilhar. “Este é pequeno sinal de melhora. Essa planta já comportou quase 13 mil trabalhadores e, hoje, o quadro é de 7.700 funcionários, ou seja, em torno de 5.000 a menos. Agora, com as contratações, devemos alcançar 7.966 empregados”, contabiliza. “A capacidade produtiva da fábrica, no entanto, é de 80 mil veículos por ano, e eu só posso dizer que ainda estamos muito aquém desse volume.”

As contratações, porém, estão sendo motivadas tanto pelo aumento da demanda por caminhões e ônibus quanto pelo processo de modernização da fábrica – entre 2018 e 2022 serão investidos R$ 2,4 bilhões em São Bernardo e Juiz de Fora (Minas Gerais).

Desde novembro, a companhia vem operando em regime de horas extras em dois sábados por mês, o que se estenderá até abril, devido à reação do mercado de pesados e melhora na demanda por caminhões e ônibus. Isso porque a empresa conquistou novos clientes fora do Brasil, por exemplo, na Colômbia e em países do Oriente Médio.

“Basicamente, a maior parte dos colaboradores que estão no setor de logística será realocada para a linha de produção. E os novos profissionais que chegarem vão ficar na logística”, conta o dirigente sindical.

Do total de contratados, 136 realizaram cursos profissionalizantes no Senai, sendo que 31 deles possuem deficiência auditiva. Eles irão atuar em diversas áreas produtivas de caminhões, ônibus e agregados, a partir de janeiro.

Além desses jovens que irão integrar o quadro de funcionários, a Mercedes irá admitir mais 130 pelo período de 12 meses, a partir de fevereiro, para atuarem na transição da logística da fábrica, que está se modernizando.

De acordo com Selerges, a empresa não descarta readmitir antigos colaboradores. Pela internet (www.vagas.com.br), interessados também podem se inscrever e concorrer a 77 oportunidades. O cargo é para operador de logística 2 e, como pré-requisito, está ter habilitação (categorias C/D ou E), cursos de empilhador e de veículos industriais, além de Ensino Médio completo. Curso em Logística será diferencial. O prazo para se candidatar vai até 8 de janeiro.

CRISE - Em agosto do ano passado, a montadora atendeu ao pleito dos trabalhadores, que se manifestaram na época, e reabriu o PDV, com valor fixo de R$ 100 mil, independentemente do tempo de casa e da idade do colaborador. Antes dos atos, e após cerca de dez dias com os braços cruzados, a proposta para quem se voluntariasse era de R$ 85 mil.

A Mercedes optou pelo desligamento dos operários como alternativa aos seus colaboradores para suportar os efeitos da forte crise econômica no Brasil. Este capítulo, aliás, rendeu à montadora ação civil pública ajuizada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), que alegou coação e discriminação na demissão em massa de 1.400 profissionais no ano passado, sendo parcela deles com restrição médica.

Em caso de condenação por dano moral coletivo, segundo o MPT, o valor da multa, estipulado em R$ 140 milhões, será revertido ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). O resultado sai em fevereiro.
 




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