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Gays vao à Justiça contra portaria da doaçao de sangue
Do Diário do Grande ABC
01/12/1999 | 16:32
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Os grupos de ativistas gays Arco-íris e Atobá vao entrar na Justiça pedindo a revogaçao da portaria 1376/93, do Ministério da Saúde, que regulamenta a doaçao de sangue. Eles consideram a norma preconceituosa por impedir que pessoas dos chamados "grupos de risco" doem sangue. Os grupos também vao processar o Instituto Estadual de Hematologia Hemo-Rio, por discriminar homossexuais que se oferecem como voluntários.

Nesta segunda-feira, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, oito gays foram impedidos de doar sangue no Hemo-Rio. Um dos ativistas mentiu, respondendo que nao fizera sexo com outro homem, e foi aprovado. O chefe do Serviço de Hemocultura, Luís Amorim, concordou que a portaria 1376/93 é obsoleta, por desconsiderar comportamentos de risco", mas negou que o sangue dos homossexuais tenha sido recusado por causa da opçao sexual. "Nao cabe aqui analisar caso a caso, mas há outros fatores estudados pelos assistentes sociais", afirmou Amorim.

Os ativistas estiveram nesta segunda no Hemo-Rio para apurar denúncias de três homossexuais que teriam sido impedidos de doar sangue. "Eles fazem perguntas subjetivas, como o número de parceiros ou se o doador já fez sexo com homossexual, mas nao pergunta se ele pratica sexo seguro", afirmou o presidente do Arco-íris e secretário geral da Associaçao Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis, Cláudio Nascimento. "Sao questoes preconceituosas, discriminatórias, que insinuam que a relaçao homossexual é de risco, anormal e doentia".

O professor Paulo César Fernades, 49 anos, foi um dos que nao tiveram o sangue aceito. "Falei a minha opçao sexual e a assistente social disse que eu nao poderia ser doador e me encaminhou para centros de testagem anônima de Aids", contou o professor, que participou de um programa de monitoramento na Fundaçao Instituto Oswaldo Cruz, em que se submetia a testes anti-HIV semestralmente. Ele alegou que usa preservativos nas relaçoes sexuais, mas ouviu da funcionária que "camisinha nao é 100% seguro".

Todos as bolsas de sangue coletadas no Hemo-Rio passam por 10 tipos de testes, dois deles para detectar o HIV. O serviço, que abastece o banco de sangue de 100 hospitais, tem defasagem de cerca de 100 doadores por dia. O chefe do Serviço de Hemocultura do instituto, Luís Amorim, disse que o questionário segue as normas da portaria do Ministério da Saúde.




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