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Marcos Palmeira natural

O surfista Bento não é, nem de longe, o primeiro boa-gente charmoso que Marcos Palmeira encarna na TV

Gabriela Germano
Da TV Press
12/10/2008 | 07:02
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O correto, saudável e romântico surfista Bento, de Três Irmãs, não é, nem de longe, o primeiro boa-gente charmoso que Marcos Palmeira encarna na TV. "É o heroizinho da história", define o ator, sem desmerecer o seu personagem na novela de Antonio Calmon. De gestos contidos, tranqüilão, o ator não nega que já foi rotulado como tipão carioca no início da carreira, depois de rústico por seus personagens mais rurais e devido às novelas mais recentes agora é visto como o mocinho romântico. E até pela maneira como conduz sua vida, Marcos confirma que muitos o vêem como o cara bonzinho e têm dificuldades de enxergá-lo fazendo um vilão. "Mas isso não é problema. O que me pauta é o prazer que cada novo personagem pode me trazer. Vivo um bom momento na carreira e o vilão virá", resume o ator.

O momento positivo da carreira não se refere só à novela das sete da Globo. Marcos protagoniza a série Mandrake que terá continuidade na HBO, apresenta o programa sobre índios Auê, na TV Cultura, viaja com uma peça teatral pelo país e lança três filmes este ano. Nunca pensou que em meio a todas essas atividades, no entanto, fosse sentir saudades da repercussão que um folhetim traz. "Sempre achei estranho um ator falar que o seu público dizia estar com saudades. Mas comecei a ouvir isso nas ruas e achei muito bom."

FAZENDA
Marcos Palmeira também é produtor. De verduras, legumes, frutas e laticínios orgânicos na Fazenda Vale das Palmeiras, que mantém há mais de 10 anos na Região Serrana do Rio. Hoje, vende os mais de 60 itens produzidos em sua propriedade para uma rede de supermercados carioca. Em casa, ele também se tornou um consumidor desse tipo de alimento. "A minha saúde é o que me equilibra para tudo o que faço na vida", afirma Marcos que, pelo trabalho que realiza, é visto como um profissional engajado nas causas ambientais e defensor de um estilo saudável de viver. Até por saber dos excessos que não raramente marcam o mundo artístico. "Nunca senti preconceito por parte dos meus colegas. Até porque tomo o meu chope também. De vez em quando eu fico até de porre", confessa.

‘O rótulo de galã faz bem para o ego'

Você já declarou que foi rotulado como o tipo carioca no início da carreira, depois de caipira, com personagens rústicos, e agora é visto como o galã romântico por seus últimos papéis. Esses rótulos incomodam?

MARCOS PALMEIRA - Acho que não, mesmo porque eles estão mudando. A garrafa envolvida por esse rótulo é boa. Para mim nunca é simples fazer um personagem novo, é sempre difícil. Mas a questão do rótulo acaba passando meio batida para mim, mesmo porque o rótulo de galã faz muito bem para o meu ego (risos).

Não são galãs demais para um ator que já afirmou se achar sem graça e sem glamour?

MARCOS PALMEIRA - Mais uma vez estou ligado à imagem do cara romântico. Mas eu não me apego à figura estética do galã. Mesmo porque em Três Irmãs há atores como o Paulinho Vilhena e o Rodrigo Hilbert que cumprem muito melhor essa função. É mais um bonzinho, é verdade. Mas nem por isso é um personagem que me deixa engessado, porque é muito bom de fazer. É o herói da história, politicamente correto, gente fina, ligado às questões ambientais. O Bento é um cara que tem uma horta orgânica em casa.

Semelhanças do personagem com o seu jeito de ser, nesta novela, não parecem ser uma mera coincidência...

MARCOS PALMEIRA - É interessante essa linha que aproxima o personagem de mim. Também tenho o meu trabalho com hortas na fazenda, o programa que apresento na TV Cultura sobre índios, chamado Auê. Sou um cara antenado e acho que o Bento também tem isso. Não consigo viver no meu mundinho à parte, sem me importar com tudo e todos que estão ao redor de mim. E o personagem também tem esse lado de se envolver com a comunidade, vai lutar pela dignidade de Caramirim. Mas o fato de a realidade do Bento se aproximar da minha não facilita e nem dificulta o trabalho. Afinal, é uma outra figura que aparece na história e não o Marcos Palmeira.

Por essa imagem que você passa o mais difícil mesmo é ser chamado para fazer um vilão em uma novela? Pois você já disse que ainda não surgiu um grande vilão em sua carreira...

MARCOS PALMEIRA - É claro que eu gostaria de fazer um grande vilão, oposto a tudo isso que tenho feito. Na verdade cheguei próximo disso com o Cirino, de Memorial de Maria Moura. Mas foi um trabalho pequeno. Um vilão escrito por Gilberto Braga é sempre rico e interessante. Seria um ótimo exercício para mim e acho que ainda tenho esse caminho a seguir.

É frustrante a essa altura da carreira ainda não ter feito um mau-caráter?

MARCOS PALMEIRA - Acho que isso vai acontecer naturalmente e não tenho frustrações na carreira. Muito pelo contrário. Tenho a oportunidade de estar em uma novela e ao mesmo tempo viajar pelo Brasil com a Adriana Esteves na peça Virgolino e Maria - Auto de Angicos. Ainda tenho a série Mandrake, na HBO, com mais 13 episódios confirmados. Estou sempre trabalhando e não poderia me sentir frustrado se pensarmos na realidade do País. Mesmo com todas as crises do cinema brasileiro, estou em três filmes que vão ser lançados ainda este ano. A Mulher do Meu Amigo, do Cláudio Torres; Bela Noite para Voar, do Zelito Vianna (pai do ator) e Quase um Tango Argentino, do Sérgio Silva, feito no Rio Grande do Sul. Aliás, nesse longa eu faço um gaúcho, com sotaque e tudo, o que pode marcar o fim da minha carreira (risos). Mas, voltando a falar sério, nem daria tempo de me frustrar fazendo tudo isso.

Por falar em filmes, você já disse que se pudesse só faria cinema. É o que te dá mais prazer?

MARCOS PALMEIRA - É. O cinema sempre esteve dentro da minha casa. O apartamento em que a gente morava, em Copacabana, faz parte do cinema brasileiro por causa do meu pai. O apartamento da minha avó está nos filmes do Glauber Rocha. Se realmente houvesse mercado, adoraria me dedicar a isso. Mas não temos uma política cultural definida. Não adianta ter dinheiro apenas para fazer um filme. É preciso ter grana para lançar, manter as salas de exibição. Eu até tenho vontade de dirigir. A hora em que tiver uma boa história nas mãos, vou correr atrás. Cada vez mais tenho o desejo de lidar com os atores. Acho que me daria bem nesse universo.

E como é ser dirigido pela sua mulher, Amora Mautner, na novela?

MARCOS PALMEIRA - É ótimo. Ela já tinha me dirigido várias vezes antes de a gente ficar junto. A Amora é uma diretora muito criteriosa e até estou sentindo falta dela me dirigir mais nesse trabalho. Mas nesse sentido, estamos bem cercados na novela por todos os diretores.

Você está atualmente na reprise de Pantanal, no SBT. O que você achou da polêmica em relação aos direitos conexos dos atores devido à exibição da novela?

MARCOS PALMEIRA - O Silvio Santos é aquele cara que coloca e tira tudo o que quer do ar. Acho que nessa história faltou um pouco de união da classe. De todo mundo se juntar e tomar uma decisão coletiva. Parece que cada um ficou resolvendo a sua questão. Mas de qualquer forma estou adorando a oportunidade de poder ver a novela de novo. Foi um encontro especial.




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