As duas sessões extraordinárias previstas para ocorrer ontem em calmaria na Câmara de Santo André foram marcadas por acusações e troca de farpas entre parlamentares. Ao ouvir a negativa sobre incluir indicação de sua autoria na ordem do dia, o vereador José de Araújo (PMDB) disparou, na tribuna, contra a superintendente da Casa, Maria José Polimeno, que, teoricamente, foi quem travou a proposta.

Havia, nos bastidores, acordo com as bancadas para votar só os quatro projetos do governo Carlos Grana (PT). O texto do peemedebista previa manutenção em passarela deteriorada na Avenida dos Estados, bairro Santa Teresinha. A mesa, porém, barrou a inserção. Presidente da Casa no último biênio, Araújo desqualificou a superintendente. “Ela é incompetente e deveria ser substituída”, disse, causando constrangimento. Maria José é funcionária de carreira, mas tem cargo gratificado na direção.

Araújo acusou a superintendente de responsabilidade no erro cometido na última sessão ordinária – na ocasião, a mesa esqueceu de fazer a leitura do requerimento de inclusão, o que invalidou a aprovação dos projetos. Com isso, tiveram que refazer a votação ontem. O atual dirigente da Casa, Donizeti Pereira (PV), foi obrigado a levantar o recesso.

O peemedebista sustentou que a falha gerou despesas para o Legislativo. Donizeti saiu em defesa da superintendente ao afirmar que “tudo que acontece na Câmara a culpa é do presidente”. “Qualquer prejuízo será arcado pela minha pessoa.” Questionada sobre os insultos, Maria José não quis comentar o assunto.

Para Araújo, a mesa também é culpada por irregularidade na quitação do reajuste salarial aos servidores. “Trata-se de ilegalidade grave, pois a lei não estava em vigor e, portanto, o pagamento não poderia ter sido feito.” A Câmara negou o problema, alegando que o pagamento foi feito no dia da promulgação da lei, em 24 de maio. De acordo com a Casa, apenas a publicação da lei, para conhecimento público, ocorreu no dia seguinte.

REFEITA
A Câmara ratificou o voto favorável às propostas do Paço. Três deles autorizam empréstimo de R$ 19,9 milhões com o Estado para reforma do Estádio Bruno José Daniel e investimento para recapeamento de ruas.

Grana admite que clamor popular vai interferir no planejamento

Ao participar ontem do encerramento do PPA (Plano Plurianual Participativo) Criança, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), admitiu a chance de mudar planejamento estratégico da administração por conta dos protestos populares – o petista fará reunião hoje e amanhã com o secretariado para tratar do programa. “Essa mobilização social tende a fazer com que, de modo geral, os governos deem mais respostas às reivindicações que apontam caminhos para outras ações.”

Grana falou que o Paço definiu 1.036 ações. Esse planejamento para os próximos quatro anos poderá modificar as prioridades a serem colocadas em prática. Segundo o prefeito, a gestão detectou que precisa, nesse momento, atuar firmemente na Saúde. “É uma reivindicação forte da população. Então vamos intensificar nos próximos meses o que podemos acelerar nesse campo”, disse, ao acrescentar outro alvo de ajuste: entregar 1.000 moradias em 2013. A intenção, agora, é definir os terrenos.

No transporte, o petista afirmou que o governo já agiu com rapidez ao colocar em prática o Bilhete Único. “(Nesse quesito) Estamos em sintonia.”