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Presidente do Paquistão dá aviso à Aliança do Norte
Por Do Diário OnLine
08/10/2001 | 03:25
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O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, fez um pronunciamento na madrugada desta segunda-feira (manhã no Paquistão) sobre a ofensiva militar dos Estados Unidos e aliados contra o Afeganistão, iniciada no domingo.

O general mostrou-se preocupado sobretudo com a transição do poder no país vizinho, em uma eventual queda do regime Talibã, que governa 90% do território afegão. "Espero que a Aliança do Norte (o mais forte grupo de oposição aos talibãs) não se aproveite da situação para criar uma nova crise. Que após a ofensiva militar sejam asseguradas a união e a segurança, e que a paz volte ao Afeganistão com uma sociedade justa, pluralista e democrática", afirmou Musharraf.

Ele confirmou o apoio do Paquistão à ação americana e garantiu que a maior parte da opinião pública paquistanesa apóia a posição adotada por seu governo. "É vital que a campanha mlitar seja breve. E é importante ressaltar que os ataques não estão acontecendo contra cidades afegãs, mas contra campos de treinamento e centros de controle de grupos terroristas", afirmou. "O cerco se fechou contra Osama Bin Laden e os que o apóiam, e não contra a população civil do Afeganistão".

O presidente confirmou ainda que foi avisado sobre os ataques por um telefonema horas antes do primeiro bombardeio. "O espaço aéreo já estava aberto aos Estados Unidos, porque decidimos nos juntar à batalha contra o terrorismo". Ele disse ainda não ter sido informado sobre danos materiais ou vítimas. "Ainda é muito cedo para isso".

Musharraf admitiu que a política em relação ao Talibã está sendo revista, mas que o país mantém relações diplomáticas com o regime extremista atendendo ao interesse da comunidade internacional. "No momento, somos o único canal de comunicação do mundo com os líderes talibãs", disse Musharraf. Ele negou que seu governo tenha armado a milícia. "Políticas internacionais mudam. Não são constantes".

Ele garantiu que usou a relação com o Talibã (o Paquistão no momento é o único país que reconhece o regime) para tentar negociar uma solução diplomática para o caso. "Enviei uma grande delegação para levar o pedido dos EUA de que Bin Laden fosse entregue. Mas fracassamos em nossa missão e foi necessária essa ofensiva militar", declarou.

Refugiados - Musharraf disse que mais de 3 milhões de refugiados afegãos estão nas fronteiras com o Paquistão. Segundo ele, é absolutamente impossível abrir o país a essa multidão. "É importante que seja reforçado o fornecimento de alimentos, remédios e roupas nas fronteiras. E assim que a situação se estabilize no Afeganistão, estas pessoas possam voltar ao país para viver de uma economia de subsistência baseada na agricultura. Assim como os milhares de refugiados que já estão em campos dentro do Paquistão".

O general mostrou preocupação ainda com a instabilidade que a crise na região está trazendo à economia paquistanesa. "Muitos projetos foram encerrados, investimentos suspensos e muitos estrangeiros estão deixando o país", contou. "É importante que o mundo saiba que o Paquistão não está em guerra. E que isso seja considerado".

Musharraf classificou de "ingênuas" as afirmações de que o apoio paquistanês veio em troca de ajuda financeira. "O mundo está focado na questão do Afeganistão. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha sabem de nossa dificuldades, mas isso será tratado no momento certo", afirmou. O mesmo deve acontecer com a questão da Caxemira, região disputada pelo Paquistão e Índia.




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