Política Titulo CEI
Câmara de Rio Grande define amanhã primeiros depoimentos

Integrantes de comissão criada para apurar supostos pagamentos feitos pelo ex-secretário Admir Ferro a ex-servidor do Legislativo fazem reunião

Wilson Moço
18/07/2022 | 00:01
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


Os integrantes da CEI (Comissão Especial de Inquérito) criada semana passada na Câmara de Rio Grande da Serra se reúnem amanhã, a partir das 10h, para definir datas e horários para ouvir os primeiros depoimentos. O bloco foi formado para apurar supostos pagamentos, via pix, realizados pelo ex-secretário de Governo da gestão do então prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB) Admir Ferro ao ex-chefe de assessoria do Legislativo Gabriel Campagnoli. E justamente os dois são considerados indispensáveis no processo de investigação, daí a probabilidade de serem os primeiros ouvidos pelo grupo, formado por três vereadores: Elias Policial (Podemos), escolhido como presidente; Roberto Contador (Avante), relator; e Marcelo Cabeleireiro (PSD)).

“Antes da reunião de amanhã (hoje) não é possível falar em datas nem nomes, porque a partir daí é que vamos definir quem vamos intimar para prestar depoimentos e dias. Mas talvez ainda nesta semana a gente já convoque alguns”, disse Marcelo, ontem.

A instalação da CEI foi aprovada em sessão realizada na última quarta-feira, por dez votos a três, a partir de pedido do vereador Marcelo Cabeleireiro, com base em reportagem do Diário que tratou de delação que Campagnoli formalizou junto ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo). No documento, ele confessou ter mentido com a intenção de prejudicar o trabalho de parlamentares em duas comissões que atuavam para cassar o mandato do prefeito. 

Campagnoli também revelou ao MP que agiu a mando de Admir Ferro, e que recebeu alguns pagamentos para manter a narrativa, que inclusive levou a uma ação da Polícia Civil que culminou na paralisação das duas comissões, no fim de 2021. Os processos na casa foram retomados em junho último e encerrados com cassação dupla do prefeito, nos dias 1º e 2 de julho, em sessões que duraram cer a de 20 horas, cada.

Conforme ainda o documento protocolado junto à promotoria do MP de Rio Grande da Serra, com data de 10 de junho, Gabriel Campagnoli declarou que, depois de ser exonerado do cargo na Câmara, ficou emocionalmente abalado. Após ser desligado, disse que passou a ser procurado por Admir Ferro. Afirmou que o secretário queria entender o motivo da exoneração e perguntou se ele poderia sustentar algumas narrativas com o objetivo de prejudicar a ação dos vereadores. 

Claudinho da Geladeira era alvo de duas comissões processantes que miravam derrubar o prefeito. Uma delas foi instaurada sob a acusação de que o Executivo não respondeu a todos os requerimentos de informação protocolados pela Câmara junto ao Paço. Com a falta de retorno, os vereadores aprovaram comissão que pedia o impeachment. 

“Admir perguntou qual seria seu preço e ele (Gabriel) disse que queria trabalhar. Nessa reunião, Admir disse que ele seria chamado na delegacia e ele deveria dizer que dos 17 requerimentos não respondidos pela Prefeitura, cinco haviam sido entregues, e que então, o presidente da Câmara, Charles Fumagalli, pediu para que ele achasse um jeito de fazer com que os 17 pedidos tivessem sido protocolados”, diz trecho da delação de Campagnoli ao MP, documento ao qual o Diário teve acesso.

PIX

O Diário também teve acesso a comprovantes de pagamentos que Admir Ferro teria feito a Campagnoli. Ao todo, o então secretário de Governo transferiu R$ 3.153 ao ex-funcionário da Câmara. Os depósitos foram realizados no dias 13,14, 24 e 25 de dezembro. Conforme a delação, Admir teria acertado pagar R$ 4.000 mensais para que ele mantivesse a narrativa de que os requerimentos de informação não foram protocolados corretamente. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;