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Um terço da frota da região possui 20 anos ou mais

Índice do Grande ABC é maior do que o nacional; especialistas cobram incentivos para renovação

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/01/2020 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) referentes a novembro de 2019 mostram que um terço da frota do Grande ABC tem 20 anos ou mais de fabricação. De um total de 1.834.033 veículos (incluindo carros, ônibus, motos, caminhões etc), 621.378 (33,8%) foram fabricados antes de 1999. A média é superior à nacional, que tem 26,6% dos veículos com duas décadas ou mais. Especialistas defendem que o governo adote incentivos para renovação da frota, que se revertem em melhoras nos índices de poluição e no desenvolvimento econômico.

No cenário regional, 736.272 veículos emplacados nas sete cidades têm até dez anos de fabricação. O volume representa 40% do total da frota do Grande ABC. Advogada e assessora jurídica da Fenive (Federação Nacional de Inspeção Veicular), Fernanda Kruscinski citou que, de acordo com projeções do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), a tendência é que a frota de veículos de todo o Brasil siga envelhecendo. “O fator determinante deste cenário é a crise financeira, que impede o consumidor de trocar o veículo usado por um novo.”

Fernanda justificou que as taxas de juros ofertadas pelos bancos também não são atrativas, fazendo com que o consumidor procure alternativas na hora de trocar de carro. “Um exemplo é a aquisição de veículos seminovos ou usados, que permite ao consumidor optar por um modelo melhor (mais confortável) e, às vezes, mais novo, em troca do antigo, pagando bem menos que um carro zero-quilômetro”, afirmou.

A advogada listou série de situações que ocorrem de forma sequenciada e que não raro é observada quando, por motivos financeiros, o consumidor troca a compra de um veículo novo por um mais velho. “Com a crise, a manutenção é deixada de lado e, consequentemente, as questões de segurança envolvendo o veículo, o que acaba trazendo consequências para toda a sociedade. Os veículos antigos, sem a manutenção devida, podem criar transtornos ao tráfego e ter alta emissão de poluentes”, elencou.

Coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição explicou que a frota regional tem características de um País de bloco intermediário entre as nações em desenvolvimento. “Países mais avançados possuem a grande maioria de seus veículos com até dez anos de uso. A partir daí, há um desincentivo ao proprietário por meio especialmente do aumento da tributação.”

Para o docente, desonerar os donos de veículos com mais de uma década, como ocorre no Brasil, é um erro, vai na contramão do que fazem os países mais desenvolvidos e é preciso que o governo incentive a troca de veículos usados por novos, especialmente de caminhões. “Um programa que estimulasse a renovação e a reciclagem da frota iria beneficiar o Grande ABC, porque poderíamos ser uma região tanto produtora, como já somos, e também recicladora”, concluiu.  




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