A Prefeitura de Mauá notificou ontem a Suzantur, empresa responsável pelo monopólio do transporte coletivo municipal da cidade, sobre a multa de R$ 1,682 milhão que será aplicada em decorrência da paralisação realizada na última sexta-feira.

Por três horas, entre 10h e 13h, metade da frota de 223 veículos deixou de circular – ficou parada na garagem e no Terminal Municipal, causando trânsito na área central. Devido à greve, que, segundo os motoristas, foi realizada devido a atrasos no pagamento do vale – 40% do salário, repassado todo dia 20 – e de benefícios como o auxílio-transporte, o terminal teve a entrada de passageiros suspensa, o que ocasionou princípio de tumulto.

Segundo o prefeito Atila Jacomussi (PSB), que no dia da paralisação usou seu perfil em rede social para dizer que multaria a viação por causa do “ato irresponsável”, o valor é calculado com base nas partidas que deixaram de ser realizadas no período de greve. A Suzantur tem 15 dias úteis para recorrer da multa à comissão de julgamento da Secretaria de Transportes.

Atila destacou que a paralisação foi realizada sem aviso prévio e que pegou a população e o governo “de calças curtas”. “Cumpri minha palavra como prefeito. A população já sofre tanto com uma passagem cara (R$ 4,30), não pode ser penalizada ainda mais. Se a empresa teve problemas para cumprir com a suas responsabilidades, que se organize melhor”, afirmou o prefeito. 

Conforme a administração, o valor da multa será destinado ao Fundo Municipal de Transporte e Assistência ao Trânsito da cidade e utilizado para a execução de ações de mobilidade na cidade, sem especificar as melhorias. 

A Suzantur informou que o assunto está sendo tratado junto ao departamento jurídico. Na sexta-feira, a viação classificou a paralisação como “indevida”, mas disse que acatou o pedido dos trabalhadores para garantir o retorno rápido dos serviços e evitar problemas aos usuários da cidade. A viação ainda reiterou que todos os benefícios foram pagos normalmente aos trabalhadores.

TRANSTORNOS

A paralisação dos motoristas da Suzantur trouxe diversos transportes aos munícipes. Com a greve, o terminal foi fechado durante duas horas e, os passageiros, impedidos de passar pela catraca, o que ocasionou protestos por parte da população. Uma das munícipes prejudicadas foi a aposentada Edna Pereira do Nascimento, 57 anos, que teve dificuldade de ir para casa após passar por atendimento médico no Hospital Nardini.

Administração ignora que viação rode com frota de ônibus incompleta

A Prefeitura de Mauá levou cinco dias para cumprir a promessa de multar a empresa Suzantur pela greve realizada na última sexta-feira. No entanto, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) ainda não cumpriu outra promessa relacionada à viação: a de cobrar que o contrato de concessão – que prevê a oferta de 248 coletivos – seja atendido na íntegra. Atualmente, rodam 223 veículos.

O descumprimento foi autorizado em 2015 durante a gestão do ex-prefeito Donisete Braga (à época no PT, atualmente filiado ao Pros). Ao retornar à Prefeitura em setembro, após ter sido preso acusado de comprar apoio dos vereadores para se manter no cargo e sofrido impeachment aprovado pela Câmara Municipal, em abril, Atila declarou em entrevista ao Diário que iria cobrar o cumprimento integral do contrato com a Suzantur, mas isso não ocorreu até o momento.

O TJ-SP analisa pedido protocolado por vereadores, em 11 de novembro, para reverter a rejeição de tentativa de liminar para que a Câmara instaure CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e investigue a situação.