Setecidades Titulo Dia de celebração e luta
Comunidade negra cobra políticas públicas efetivas

Feriado, hoje, é visto como marco para a população afro, além de momento de debate

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
20/11/2018 | 07:00
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A comunidade negra da região cobra políticas públicas efetivas para inclusão, proteção social e valorização da cultura afrodescendente entre as sete cidades. Para o grupo, embora o Dia da Consciência Negra, celebrado hoje, tenha servido para tirar a população negra da invisibilidade, na medida em que colocou na pauta de discussões a desigualdade e o racismo, ainda representa data oportuna para o debate de melhorias necessárias para cerca de 135,2 mil moradores das sete cidades cuja cor da pele é preta, conforme classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Parte do coletivo negro Vozes da UFABC (Universidade Federal do ABC), Roberta Kelly de França acredita que, atualmente, a visibilidade conquistada é devido à discussão que foi gerada em todo o País para a criação do feriado do Dia Nacional da Consciência Negra. Apesar de representar em ganho para o movimento negro, atividades de comemoração durante o dia 20 de novembro não são o bastante, na visão de Roberta. “Dizer que isso (eventos comemorativos) é suficiente para que o Dia da Consciência Negra cumpra seu papel político, não. Com certeza não”, ressalta.

Estudo de análise populacional do IBGE mostra que a população negra ainda vive em desvantagem social. De acordo com o Atlas da Violência 2017, a população negra também corresponde à maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. No campo político, é possível analisar, com base em dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que foram eleitos pouco mais de 6% dos candidatos declaradamente negro, o que equivale a 15 vereadores das 142 cadeiras existente nas sete cidades.

“O cenário é alarmante e deve ser combatido pelo Estado brasileiro. As cidades do Grande ABC têm muito o que fazer de políticas públicas que igualem as condições de existência da sua população negra”, considera Roberta. Talita Sousa, 22, também é integrante do Coletivo Vozes. Estudante de Políticas Públicas, ela destaca que não basta celebrar a data sem pensar no acesso da população negra. “Se o macro não é pensado em conjunto, esse micro, que é celebrar dia, deixa de fazer sentido.”

POR PRESSÃO
Coordenadora do Fórum de Promoção da Igualdade Racial Benedita da Silva, Marcia Regina Damasceno reforça que o movimento negro da região batalhou para conquistar o feriado e ter a comemoração respeitada e critica prefeituras que remanejam a data, pois garante que perde-se o contexto da celebração. “Por trás de todas essas celebrações há um conselho social. Não são os governos que decidem fazer (os eventos), há uma pressão dos movimentos, pois se não houvesse, não haveria nada, tampouco o feriado.”

Marcia garante que os movimentos sociais são os responsáveis pelas conquistas. “No dia 23 vamos lançar livro sobre a história do movimento negro de Diadema e, dia 24, vamos realizar a caminhada da igualdade. Tudo pensado e organizado pelo movimento, a fim de fortalecer nosso significado na história dessa população.”

Para celebrar a data, as prefeituras da região promovem eventos públicos. Leia mais no caderno Cultura & Lazer




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