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Boxeadores transformam laje em ringue

Projeto de Pitu, filho de Servílio de Oliveira, acolhe lutadores de várias partes do Brasil que sonham em trilhar carreira no esporte

Anderson Fattori
Diário do Grande ABC
16/04/2018 | 07:00
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Denis Maciel


Em um porão abafado, quase sem iluminação, ou em uma laje emoldurada pela paisagem simples da periferia de São Paulo treina a nova geração do boxe. Seis garotos, com idades entre 15 e 19 anos, de várias partes do País, foram acolhidos por Ivan de Oliveira, o Pitu – filho de Servílio, medalhista de bronze na Olimpíada da Cidade do México, em 1968 –, em sua própria casa, na divisa da Capital com Mauá, onde alimentam o sonho de se tornarem novos ‘Maguilas, Popós ou Sertões’.

O grupo integra o projeto Garimpando Ouro Olímpico, criado em 2012 por Pitu. A ideia era trazer garotos que pudessem ajudar no desenvolvimento dos seus filhos, João Vitor e Luís Gabriel, o Bolinha, mas o envolvimento com as histórias de vida que conhecia mudou o foco.

“Era para meus filhos se desenvolverem, mas depois o projeto ganhou corpo. Quando os meninos falavam das dificuldades eu conversava com a minha mulher no sentido de ajudar de forma mais incisiva. Fomos desenvolvendo essa ideia e o projeto cresceu”, explicou Pitu.

Por mais que tivesse vontade de ajudar, faltavam condições. Pitu passou a alojar os garotos em sua casa e contou com a ajuda da mulher e dos três filhos. “Minha família abraçou o projeto”, lembra ele, que no início teve auxílio do famoso chef de cozinha Alex Atala. “Ele nos dava alimentos congelados para manter o grupo. Foi importante. Hoje temos outro parceiro, o Beto Peralta, da Peralta Ambiental, que é um padrinho. Olhou para a causa e está ajudando muito. Não fosse ele o projeto não continuaria”, ressaltou.

Pitu é o técnico, mas faz as vezes de pai, irmão e amigo. “Esses meninos são nossos filhos. Temos histórias aqui de garoto que perdeu a mãe cedo, outro que não tem pai no documento. Conseguimos fazer eles darem a volta por cima. Todos têm histórias especiais e me sinto honrado em fazer parte da vida deles. Abraço o cara, falo onde está errando e mostro o caminho.Eles me ouvem como um irmão mais velho. Falo de igual para igual com eles”, orgulha-se.

A organização é mais do que necessária para que o projeto dê certo, afinal, são 11 pessoas morando em uma casa. “Todo mundo tem tarefa. Enquanto um lava a louça, o outro cozinha, passa pano no chão. Todo mundo se ajuda”, explica Pitu, que aposta que essa dificuldade no início ajuda na construção do caráter e na formação do boxeador. “Quando o cara tem muita facilidade ele desiste fácil. Do contrário, quando tem adversidade, ele encara, vê como mais um obstáculo”, acrescenta.

O primeiro objetivo do projeto é formar seres humanos, tanto que a frequência escolar e os boletins são checados, mas Pitu acredita que tem em mãos futuros campeões. “O Pedrinho Pedro da Silva Santos Conceição) e meu filho Bolinha já são realidades para a Olimpíada de Tóquio (2020). Eles vão disputar competição agora em maio, nos Estados Unidos, que classifica para o Mundial da Hungria e para os Jogos Olímpicos da Juventude, que serão na Argentina”, ressaltou Pitu, que entre outros trabalhos foi técnico de Valdermir Pereira, o Sertão campeão mundial de boxe em 2006. 




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