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Em busca da arte
Por Cristie Buchdid
Do Diário do Grande ABC
02/09/2010 | 07:01
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A arte nascida da sensibilidade de criadores espontâneos que não andaram pelo caminho da formação. Eles simplesmente dão voz à intuição e produzem. Assim é a arte popular, que pode ser encontrada nos lugares mais remotos do País. Alguns exemplos preciosos desse estilo dão colorido à exposição Arte Afro-brasileira - Bahia, de hoje ao dia 30, no MAP (Museu de Arte Popular), no Centro de Diadema. A entrada é gratuita.

Para chegar a essas obras foi preciso garimpar localidades onde a arte popular é uma das principais formas de expressão cultural. O trabalho foi assumido pelo curador do MAP, Ricardo Amadasi, e o agente de Cultura do museu, Igor Stepanenko, que viajaram durante um mês pela Bahia e o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A busca resultou na aquisição de 45 obras, que agora fazem parte do acervo. "O mais precioso foi procurar grandes mestres que moram distante, artistas populares representativos. Com essa compra, o MAP, que tem dois anos e meio de vida, já está com 520 obras no acervo, dos artistas populares mais importantes do Brasil", diz Amadasi, revelando orgulho.

SINCRETISMO
A mostra Arte Afro-brasileira - Bahia, como o nome revela, trará as 18 peças adquiridas no Estado nordestino. Trata-se de uma arte que expressa o sincretismo religioso percebido fortemente na cultura baiana. De um lado, santos católicos. De outro, divindades africanas. Todos vivendo em perfeita harmonia. "A Bahia tem uma característica: faz um trabalho com influência impressionante da cultura afro. Eles esculpem e entalham orixás", revela Amadasi.

O catolicismo é representado por três imagens em madeira de São Francisco, Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio de Catejerê. "Os trabalhos refletem a tradição da cultura barroca, que é fortíssima na Bahia até hoje", explica Amadasi.

Seis oratórios surpreendem na exposição, tanto pela qualidade dos trabalhos como pelo histórico de quem os assina: Beto Rasta, que era pescador da lagoa de Itapuã. "É interessante a formação de vida dos artistas populares, que às vezes têm trajetórias mais diversas. Quando descobrem o caminho da arte, abraçam de coração. Ele se transformou em um artista plástico excelente. É escultor, desenhista e pintor. Usa elementos do catolicismo e da cultura afro criando obras singulares em madeira, com pinturas coloridas e muitos detalhes, nas quais mostra equilíbrio perfeito", completa Amadasi.

Outro trabalho atraente e diferenciado é em metal. "São coroas e capacetes de divindades afro. É um trabalho com riqueza de detalhes que tem espírito barroco", diz o curador.
As outras peças são cerâmicas trazidas da Barra. "Às margens do Rio São Francisco existe uma tradição de ceramistas muito forte", completa ele.

Arte Afro-brasileira - Bahia - Exposição. No MAP (Museu de Arte Popular) - Rua Graciosa, 300, Centro, Diadema. Piso superior. Tel.: 4051-5408. De hoje ao dia 30, de terça a sexta-feira, das 13h às 19h; sábado, das 13h às 18h. Grátis.

Tradição da cerâmica em mostra
O roteiro da viagem cultural do curador do MAP (Museu de Arte Popular), de Diadema, Ricardo Amadasi, e do agente de Cultura do museu, Igor Stepanenko, reservou 15 dias pelo Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde a dupla vasculhou o que há de melhor na arte em cerâmica, que é muito forte naquela região. As 27 obras serão apresentadas ao público do dia 7 de outubro até o fim do mês no MAP com entrada gratuita.

Amadasi explica que um dos motivos de o Vale ser forte em arte cerâmica é por ter argila de boa qualidade em seu solo. "Eles extraem o barro, misturam com água e fazem todo o processo de modelar e criar."

Historicamente, o Vale abriga grandes ceramistas. "Muitos deles fazem parte de grandes acervos do mundo", diz Amadasi. Os trabalhos retratam cenas do cotidiano da região mineira. "São as famosas bonecas, noivas, casamentos. É tudo muito singelo e puro", elogia o curador.

NA MEMÓRIA
A exposição Pinturas de Pierino Massenzi, pelo projeto Circuito Sete Cidades - Arte e Cultura, ocupará o Espaço Cândido Portinari, no piso térreo do Centro Cultural Diadema, prédio onde também funciona o MAP, do dia 21 deste mês até 23 de outubro. Serão 15 telas e painéis do artista plástico italiano radicado em São Bernardo, falecido no ano passado.




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