A equipe econômica do governo comemorou os resultados fiscais registrados neste ano pelo BC (Banco Central) e pelo Tesouro Nacional, que surpreenderam as otimistas previsões feitas por analistas no início de 2004. Além disso, o documento elaborado pelo Departamento Econômico do BC sobre Política Creditícia, Monetária e Fiscal revela que a comemoração conta com uma dose adicional de confiança no futuro imediato, uma vez que as expectativas continuam favoráveis em todos os segmentos do setor público.

Segundo o documento, o setor público não-financeiro registrou superávit de R$ 84,8 bilhões, de janeiro a novembro. Saldo que cairá um pouco nas contas de dezembro, em função da concentração de despesas no mês. Mas, ainda assim, vai superar com folga a meta de superávit primário de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto) depois ajustada para 4,5% pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O resultado consolidado até agora equivale a 5,3% do PIB, com arrecadação de R$ 14,5 bilhões a mais que em igual período de 2003. Nos últimos doze meses o superávit chega a R$ 80,7 bilhões (4,6% do PIB).

O bom desempenho, de acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, foi registrado em todas as esferas de governo. O governo central foi o que mais contribuiu para a formação do saldo, com R$ 55,5 bilhões, em que pese os déficits de R$ 24,7 bilhões, do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), e de R$ 197 milhões, do BC. Estados e municípios recolheram R$ 17,9 bilhões e as empresas estatais entraram com R$ 11,5 bilhões.

No caso do governo federal, a elevação de R$ 11,8 bilhões, em relação a janeiro-novembro de 2003, está associada diretamente ao crescimento da arrecadação de impostos e contribuições. Foram recolhidos R$ 289,9 bilhões: R$ 42,4 bilhões a mais que no mesmo período de 2003, com crescimento real de 9,9%, em decorrência do crescimento da atividade econômica e do ajuste fiscal contra a sonegação.