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Lula manda ministérios gastarem
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28/12/2005 | 08:37
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Na corrida para inaugurar o máximo possível de obras em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que os ministérios virem o ano gastando. Lula passou o dia de terça-feira reunido com o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, para assegurar que todo o dinheiro disponível no Orçamento de 2005 seja consumido. O acúmulo de despesas contratadas neste fim de ano deverá resultar numa conta de R$ 13 bilhões para ser quitada em 2006. Desses, R$ 3,5 bilhões referem-se a obras em infra-estrutura.

Quando o governo contrata a compra de uma mercadoria ou serviço e esse bem só é entregue ou pago no ano seguinte, a despesa entra para uma conta chamada “restos a pagar”. Em 2006, portanto, a conta de restos a pagar de 2005 será da ordem de R$ 13 bilhões, a maior registrada na gestão Lula. Nos demais anos, a conta ficou na casa dos R$ 10 bilhões.

De acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), em 2003, o total de despesas herdadas de 2002 foi de R$ 9,3 bilhões. Em 2004, os restos a pagar foram mais ou menos do mesmo valor: R$ 9,1 bilhões. Este ano, a conta de restos a pagar era de R$ 10,9 bilhões. No último ano de administração, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também tinha uma conta grande de restos a pagar: R$ 13,5 bilhões.

O que Lula não quer é que, em janeiro e fevereiro, as pastas fiquem paradas por falta de verbas. Por isso, decidiu acelerar os empenhos (contratação pelo Poder Executivo de compra de mercadorias ou serviços), ainda que a conta fique para 2006. “O volume de empenho está muito alto e agora estamos fazendo os últimos ajustes”, disse Bernardo, que passou o dia em reuniões com o presidente para discutir como manter o ritmo dos gastos na virada do ano. “Vamos raspar o fundo do tacho.”

Na pressa, não houve perdão para os ministros mais lentos na caneta. Na sexta-feira (23), os computadores do Siafi, que registram todos os gastos da máquina federal, foram tirados do ar. Verbas que haviam sido entregues aos ministérios, mas não tinham sido empenhadas até aquela data, foram tomadas de volta. “Quem empenhou, “, afirmou o ministro.

Segundo Bernardo, o dinheiro que “sobrou” após o desligamento do Siafi foi R$ 600 milhões. Terça-feira pela manhã, ele reuniu-se com Lula para discutir o destino desses recursos. A discussão continuaria à tarde. “Os R$ 600 milhões não são suficientes para atender a todas as demandas”, disse o ministro do Planejamento e Orçamento. O mais provável é que a verba vá para obras em rodovias.

Com esse “freio de arrumação” de última hora, o presidente deverá terminar o ano tendo empenhado a totalidade dos R$ 77,5 bilhões previstos para as chamadas “despesas discricionárias”, entre as quais estão os investimentos. Isso deverá assegurar a continuidade das obras no início de 2006.

Liberações – Além de discutir o destino dos R$ 600 milhões, Lula e Bernardo acertaram também outras liberações de recursos para os últimos dias do ano. “Haverá R$ 300 milhões para emendas de parlamentares”, disse o ministro do Planejamento. Esse seria um compromisso assumido com o chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Jaques Wagner. Desses R$ 300 milhões, R$ 100 milhões atenderão a emendas na área da Saúde, e, provavelmente, integrarão os restos a pagar de 2006.




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