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Lojas da região furam regra da fase vermelha

Apenas os serviços essenciais têm aval para funcionar, mas comércios de roupa e presentes abriram

Por Yara Ferraz
Yasmin Assagra
27/12/2020 | 07:03
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DGABC


Conforme determinação do governo Estado, a fase vermelha do Plano São Paulo deve ser adotada em todas as cidades de São Paulo até hoje. A medida, que visa evitar aglomerações e que também será aplicada nos dias 1º, 2 e 3, autoriza apenas o funcionamento de serviços e comércios essenciais, casos de farmácias, padarias e mercados. Porém, não foi esse o cenário encontrado ontem em algumas das principais vias comerciais do Grande ABC, onde lojas de roupas, calçados e eletrônicos estavam abertas.

No entorno da Rua Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo, apesar de nem todos os comércios estarem abertos, havia movimentação de consumidores. Na região da Praça Lauro Gomes, onde há forte presença de comércio popular, inclusive com galerias com boxes que comercializam de roupas a eletrônicos, a maior parte das lojinhas operava normalmente. A equipe do Diário flagrou frequentadores e ambulantes sem máscara.

Na Marechal, algumas lojas estavam a meia porta ou apenas com uma portinhola aberta, pela qual funcionário liberava a entrada de clientes.

Na região da Oliveira Lima, em Santo André, também havia comércios funcionando. Apesar de a maioria estar fechada, lojas de bijuterias, acessórios para celulares, roupas, calçados e presentes, entre outras, estavam abertas.

A bancária Gisele Machado, 40 anos, é moradora do bairro Utinga e saiu para comprar material para o sofá de casa, que quebrou. “Resolvi passar de carro para ver se havia algo aberto e me surpreendi com o movimento, pois pensei que estaria tudo fechado”, disse.

No Centro de Mauá também havia movimento grande de compradores. Na Avenida Barão de Mauá estavam abertas lojas de roupas, calçados e eletrônicos. “Saí de casa para ir na farmácia e esperava que tudo estivesse fechado, com pouquíssimas pessoas na rua. Mas me surpreendi”, comentou a secretária Luara Grigio, 30, moradora da Vila Vitória.

“Precisei passar por aqui para encontrar a minha irmã, mas não esperava encontrar esse movimento, já que estamos na fase vermelha. Mas, infelizmente, isso não me surpreende”. disse a agente de saúde Rosiclei Nascimento, 39, moradora da Vila Feital.

A vendedora Luana Duarte, 21, também moradora da Vila Feital, foi ao Centro para comprar presente para o sobrinho e ficou surpresa ao encontrar o shopping e a maioria das lojas fechadas. “Pensei que as restrições seriam válidas apenas para a cidade de São Paulo”, disse. “Consegui comprar o brinquedo para ele mesmo assim. Optei justamente por vir depois do Natal para pegar um menor movimento.”

No entorno das vias tinha patrulhamento da GCM (Guarda Civil Municipal), mas que não chegava a abordar os lojistas, pois os agentes afirmaram que também estavam confusos sobre se era permitido ou não abrir as lojas.

A equipe do Diário conversou com gerente de uma loja de calçados, que preferiu não se identificar, e que falou sobre o assunto. “Não sabíamos se a Prefeitura ia aderir à mudança de fase ou não, até porque algumas cidades optaram por manter o comércio aberto, como estava na fase amarela. Acabamos optando por abrir, até porque trabalhamos com sapatos, que são produtos com vida útil. Passando a estação, a maioria já perde o apelo e vai para o saldo”, relatou. E reclamou que faltou maior orientação aos lojistas.

A Prefeitura de Mauá afirmou que, como o Estado lançou o comunicado no dia 22, não houve tempo hábil para fazer o decreto municipal estabelecendo que Mauá seguisse as normas do Plano São Paulo. E reiterou que a GCM atua para combater aglomerações.

Santo André informou que alguns estabelecimentos já foram autuados e outros lacrados por aglomeração. A multa é aplicada após o rito administrativo. “Ressaltamos que há fiscais percorrendo a cidade, especialmente em locais típicos de aglomeração, onde existem denúncias”, informou.

A Prefeitura de São Bernardo afirmou que realiza fiscalização nos comércios da Marechal, por meio da GCM. Os responsáveis pelos estabelecimentos flagrados em funcionamento de forma irregular estão sendo inicialmente orientados, e para aqueles que não acatam as orientações, são lavradas ocorrências administrativas e possível aplicação de multa.

Desrespeito às regras desafia enfrentamento à Covid-19

Apesar das medidas impostas pelo Estado e adotadas pelas prefeituras para evitar aglomerações, pontos comerciais e os famosos pancadões continuam a desafiar as regras e ignoram a ameaça da Covid-19. Desde o início das fiscalizações, as administrações já autuaram, lacraram ou notificaram cerca de 949 estabelecimentos por desrespeito às regras.

Em Santo André, por exemplo, a Prefeitura afirma que a fiscalização é constante e reitera que todas as denúncias recebidas sobre possíveis aglomerações são apuradas. Foram 21 interdições de comércios, desde o início das fiscalizações, e cerca de 57 processos de ação fiscal.

Na madrugada de ontem, equipe de vigilância sanitária estadual realizou fiscalização no bairro Jardim, que resultou na autuação de estabelecimento que estava em funcionamento e descumprindo as determinações do Plano São Paulo. No momento da ação, que contou com o apoio da Polícia Militar e da vigilância municipal, 60 pessoas estavam no local, não usavam máscara nem respeitavam o distanciamento de 1,5 metro.

Por isso, o estabelecimento foi autuado , ficando sujeito às sanções previstas no Código Sanitário – que prevê multa de até R$ 276 mil. Além disso, foi autuado por permitir aglomeração e a presença de pessoas sem máscaras, o que sujeita qualquer local irregular a multa de R$ 5.000. O responsável pelo bar alega que estava cumprindo decreto municipal, que permitia abrir até as 22h.

São Bernardo informou que, desde o início da pandemia, foram realizadas 7.342 vistorias, que resultaram em 240 notificações, 154 interdições e 11 multas. Segundo a Prefeitura, apenas entre o dia 24 e a madrugada de ontem, a GCM (Guarda Civil Municipal) atendeu a 21 denúncias de perturbação de sossego e aglomerações, com apreensão de veículos e equipamentos de som, além de estabelecimentos que desrespeitavam as medidas e que poderão ser multados.

Em São Caetano, a Prefeitura divulgou que as fiscalizações têm sido mais rigorosas e que, desde o início, foram aplicadas 15 multas, além de 40 lacrações e 350 notificações. Nos últimos dias, pontos foram lacrados restaurantes, bares e casas noturnas.

Já em Diadema, a administração informou que atua no sentido de orientar comerciantes e população sobre o cumprimento das regras sanitárias de prevenção contra a Covid-19, não aplicando multas. Até o momento, foram notificados 329 pontos comerciais por descumprirem as regras. Sete deles foram lacrados por 30 dias.

A administração ainda comentou que no último fim de semana dispersou quatro festas de rua não autorizadas para garantir o sossego público e impedir aglomerações. Ribeirão Pires apenas informou que multou nove estabelecimentos.
 




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