Setecidades Titulo Em meio à pandemia
Ação oferece hospedagem a profissionais da saúde

Objetivo é evitar contaminação de familiares por Covid-19; iniciativa precisa de apoio para ampliar atendimento

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
27/05/2020 | 23:42
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Celso Luiz/DGABC


Um medo comum à maioria das pessoas na atualidade é ser contaminada pelo novo coronavírus. Para os profissionais da saúde, esse temor é duplo: existe preocupação com a própria saúde, mas também com a de seus familiares. Pensando em ajudar essas pessoas e garantir que tivessem tranquilidade para desempenhar seu trabalho nessa verdadeira guerra contra a doença, a publicitária Camila Putignani, 42 anos, usou seu conhecimento na área de eventos para criar o Projeto Isolar (www.projetoisolar.com.br), que oferece hospedagem e alimentação por períodos de 14 dias a todo trabalhador da área de saúde que esteja na linha de frente do enfrentamento à Covid-19.

Camila relata que logo no início da pandemia todas as atividades da sua empresa de eventos foram suspensas. Notícias sobre profissionais de saúde dormindo nos seus locais de trabalho, por medo de contaminar familiares, a fizeram sentir o desejo de contribuir de alguma forma. Seus funcionários passaram, então, a agir em diferentes frentes: levantar os possíveis locais de hospedagem, selecionar quem poderia ser beneficiado e contatar possíveis parceiros e patrocinadores.
O projeto criou vida em 7 de abril e, desde então, já hospedou 30 pessoas. Algumas por 14 dias; outras por períodos consecutivos de quatro semanas. “Buscamos colocá-los em locais próximos aos seus trabalhos, para que não seja necessário que usem transporte coletivo. Quando não é possível fazer o trajeto a pé, entregamos vouchers para corridas por carros de aplicativo”, explicou a publicitária.

Além da hospedagem, que pode ser em casas, hotéis, apartamentos, os profissionais recebem alimentação. Uma rede de restaurantes oferta duas refeições por semana e as demais são custeadas pelo projeto. “Abrimos uma arrecadação para podermos manter o projeto. Se conseguirmos R$ 500 mil, podemos manter 180 profissionais por 14 dias. Com R$ 4 milhões, seriam 2.400 tralhadores apoiados”, citou. O projeto não tem fins lucrativos, mas também mantém os salários dos funcionários da empresa de eventos, que estariam sem trabalho durante a pandemia do coronavírus.

“Temos 300 pessoas na espera. Precisamos de apoio e de parceiros para auxiliar essa categoria tão importante neste momento. Não ajudamos só quem fica hospedado, mas indiretamente seus familiares, as pessoas que cruzariam com eles no transporte público, é um número bem maior de beneficiados”, concluiu. Informações sobre parcerias podem ser obtidas pelo e-mail contato@projetoisolar.com.br.

Dos 30 profissionais, seis são da rede pública de São Caetano. A enfermeira Maria Cristina Penteado Hernandez, 51, mora em Santo André com o pai de 80 e a filha de 10. Há três dias está hospedada na mesma rua do seu trabalho. “Eles são tudo que tenho na vida e estou preservando-os da pandemia”, relatou. Maria Cristina fala com a família pelo telefone uma vez por dia, e pretende ficar no projeto o quanto for possível. “Vamos entrar no inverno e a tendência é que a situação se agrave”, afirmou.

Foi também para proteger os pais, que têm 78 e 76 anos, que o enfermeiro Maurício Zanoni, 40, aguardou um mês na fila até poder fazer parte do projeto. “A gente fica meio maluco (de preocupação). A sensação é de alívio, fiquei muito feliz, porque estava muito preocupado. Meu maior medo era passar para eles”, disse. 




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