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Rio Grande recorre a Santo André para internar pacientes graves de Covid

Sobrecarga nos leitos do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, em Mauá, motiva mudança

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
26/05/2020 | 02:29
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Celso Luiz/DGABC


Rio Grande da Serra buscou em Santo André alternativa para os casos de Covid-19 que precisam de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Sem leitos de urgência na sua rede hospitalar, a cidade evita contar com o Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, em Mauá, que sempre foi a referência para os pacientes mais graves, mas sofre com superlotação. Apesar de a Prefeitura mauaense garantir que o equipamento está com 80% a 90% da capacidade, na última semana duas pacientes morreram na cidade possivelmente por falta de acomodações de emergência.

Há pelo menos 20 dias foi feita pactuação entre Rio Grande da Serra e Santo André e os pacientes que necessitam de internação têm sido atendidos nos dois hospitais de campanha montados em Santo André, no Complexo Pedro Dell’Antonia e no Estádio Bruno Daniel.

Secretária de Saúde de Rio Grande, Raquel dos Santos Costa explicou que um pequeno número dos munícipes que necessitaram de internação pela Covid-19 conseguiu vaga no Nardini. “Pelo Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) a gente tem conseguido vaga nos hospitais de campanha em São Paulo”, pontuou. A cidade tinha, até ontem, 55 casos confirmados e cinco mortes relacionados à doença.

FALTA DE LEITOS
Duas pacientes que estavam internadas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Barão de Mauá, em Mauá, morreram antes que o pedido de transferência para UTI fosse atendido. Márcia Vitorino, 66 anos, faleceu em 17 de maio. Dia 23, Regineia Pereira de Castro Ferreira, 47, também morreu aguardando vaga. Nos dois casos, as pacientes tinham doenças crônicas.

Familiares de Regineia divulgaram gravação de conversa com o médico em que o profissional frisa a necessidade de a paciente ser transferida para “leito de UTI Covid” e que precisava ser para hospital como o Nardini, e não hospital de campanha. “Inicialmente ela foi diagnosticada com pneumonia. Como piorou, voltou à UPA e foi internada, mas fizeram apenas a tomografia, não realizaram o exame”, explicou a irmã de Regineia, a professora Aparecida Margarete Ferreira, 42.

"Se tivesse tido o diagnóstico de Covid-19 logo, ou se ela tivesse conseguido a vaga, talvez tivesse sido salva”, lamentou. Segundo a familiar, a paciente não estava entubada, embora houvesse respirador disponível na UPA, e sofreu parada cardíaca que culminou em sua morte. Regineia estava sendo tratada com hidroxicloroquina, medicamento ainda sem comprovação de eficácia no tratamento da doença e associado a problemas cardíacos.

Secretário de Saúde de Mauá, Luis Carlos Casarin afirmou que a administração lamenta as mortes, mas alegou que elas ocorreram devido ao agravamento do quadro das pacientes e não à falta de leitos. “Na UPA, no Nardini ou no hospital de campanha existem totais condições de atender aos pacientes e até agora nenhum óbito ocorreu por falta de assistência ou medicamentos e, sim, pela gravidade da doença”, defendeu. “As transferências ocorrem no âmbito de gestão dos leitos.”

Entre as demais cidades, com exceção de Ribeirão Pires, todas têm mais de 70% de ocupação nas UTIs para Covid-19. 




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