Javier Bardem alcançou estrelato mundial ao vencer o Oscar de melhor ator coadjuvante em 2008 por Onde os Fracos não Têm Vez (2007). Após isso, passou por diversas produções de Hollywood que não o desafiaram como ator. O retorno do espanhol a seus bons trabalhos ocorre em Biutiful, que chega hoje aos cinemas de São Paulo.
Em sua nova empreitada, ele tem a companhia do diretor Alejandro González Iñárritu (Babel). A união entre eles é aproveitada da melhor maneira possível: um filme interessante e com conteúdo.
Bardem interpreta Uxbal, personagem que vive na região da Catalunha, na Espanha, e precisa lidar constantemente com a crise em sua família. Sem grandes pretensões na vida, ganha dinheiro com negócios ilícitos.
O ótimo trabalho do ator faz com que a angústia, a dor e o esgotamento psicológico enfrentados pelo protagonista sejam reais o bastante para incomodar o público. Não à toa o trabalho foi recompensado com o prêmio de melhor ator na edição do ano passado do prestigiado Festival de Cannes para Bardem.
Os gestos perdidos e o olhar profundo de Uxbal demonstram que sua vida se perdeu e que não há saída para encontrar a felicidade ao lado dos filhos. Tudo piora quando descobre ter câncer e que tem poucos meses de vida. A morte é iminente e o que se acompanha na tela é seu desespero em deixar a vida com alguma parcela de dignidade.
Iñárritu está firme em sua posição de comando e Biutiful é prova de que também sabe elaborar um bom roteiro. Um dos assuntos preferidos do diretor, a morte surge como condutora da vida de Uxbal, que possui o dom de conversar com cadáveres. O cineasta busca resgatar seu personagem da desgraça certa e o faz ao aproveitar ao máximo o talento de Bardem.