Debaixo de chuva e sob forte comoção, familiares e amigos enterraram José Erlaino Freires Alves, 36 anos, no Cemitério Sagrado Coração de Jesus, no bairro Camilópolis, em Santo André, na manhã de ontem. O auxiliar de almoxarifado e jogador da várzea estava a caminho do trabalho quando foi morto por policial militar, na quarta-feira, após ser confundido com um suspeito.

A mulher e mãe dos quatro filhos de Alves, Vanessa Cavalcanti de Assunção Alves, 34, não se conformava. “A única coisa que queria perguntar para esse policial é se tem mulher e filhos. Se parou para pensar. Ainda não acredito que isso esteja acontecendo.”

Representantes do Movimento Nacional de Direitos Humanos estiveram presentes ao enterro. “Vamos conversar com a família e acompanhar o caso. Com uma ação, o Estado pode indenizá-los, mas lá na frente. E agora? Quem vai ajudar na criação dessas quatro crianças?”, questionou a advogada e ativista Valdênia Aparecida Paulino Lanfranchi.

Toni, como era conhecido, era um pai de família e marido dedicado. Além disso, era famoso por desempenhar o papel de atacante no União Vila Sá, da várzea andreense. Ele completaria dez anos no time em abril.

Companheiros de outras equipes, como Jardim Elba, Nacional e Scorpions, também compareceram. “Essa é a maior prova do quanto ele era querido. Vai fazer muita falta”, lamentou o presidente do União Vila Sá, Everton Felipe Batista.

“Era uma pessoa tranquila. Nunca vi ele levantando a voz para ninguém”, contou o primo Cícero Freire, 38.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que o policial Eduardo Pontes de Lima efetuou disparos contra o assaltante Victor Hugo de Carvalho Silva Dias, que morreu, e que também atingiram Alves. O policial alegou que não viu o morador no momento dos disparos e foi preso em flagrante. O caso segue em investigação pela Delegacia de Homicídios.