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Posto lucra só R$ 0,25 na gasolina
Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
16/07/2006 | 08:30
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Antes de xingar o dono do posto pelo alto preço da gasolina, pense bem de quem é a culpa. Segundo levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo), da semana de 2 a 8 de julho, enquanto o preço da gasolina no Estado de São Paulo na distribuidora era em média de R$ 2,171, na bomba era de R$ 2,426. Isso representa para o posto um ganho de R$ 0,255 por litro do combustível, ou 10,5% do preço final.

Com essa margem, os donos de postos têm de arcar com todos os custos de operação: quadro de funcionários, luz, água, aluguel, IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), e os outros gastos com o estabelecimento.

O assessor do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABC), Roberto Rodrigues, diz que não é suficiente. Para ele, os valores estão muito abaixo do que é preciso para os postos trabalharem. “Para o revendedor ter um comércio sadio, pagando os impostos, tudo em ordem, tem de ter uma margem de R$ 0,35. Se isso não acontece, significa ou que o posto está perdendo dinheiro ou que há algo errado com ele”, resume.

Segundo Rodrigues, antigamente a margem necessária era menor. “Há dez anos a ANP fez um estudo e levantou que o posto precisava de margem de R$ 0,20 a R$ 0,22 por litro. Mas de lá para cá, isso mudou. Por exemplo, existem muito mais exigências com meio ambiente e em taxas de fiscalização”, conta. Por isso, ele diz que é necessária uma mudança de cálculo. “O dono de posto que não se preparar estará com problemas. A ANP precisa rever a posição porque senão vai haver uma quebradeira”, avisa.

No Grande ABC, a situação não é muito diferente da média estadual. São Bernardo e São Caetano são as cidades com as maiores margens (R$ 0,266 e R$ 0,264). Se considerados os preços médios do combustível no período (R$ 2,443 e R$ 2,423), o ganho relativo dos postos é igual: 10,8% do valor total. Depois vem Ribeirão Pires (margem relativa de 10,5%), Santo André (9,3%) e Mauá (9,1%). Por último, com a menor margem, está Diadema, com 7,7%.

Para Rodrigues, isso significa que os postos da região estão “encrencados”. “Hoje os postos estão trabalhando bem abaixo do que é necessário para ele continuar trabalhando. Com uma margem de R$ 0,26, o posto provavelmente está empatando o gasto, sem criar capital de giro”, conclui.

Hidratado – No caso do álcool, a margem é ainda menor. A média estadual é de R$ 0,175, ou 13,3% sobre o preço do combustível no período. No Grande ABC, o ganho relativo varia entre 11,2% em Diadema e 15,2% em São Bernardo. Das seis cidades registradas – Rio Grande da Serra não entra no levantamento da ANP – além de São Bernardo, ficam acima da média estadual apenas São Caetano (14,8%) e Ribeirão Pires (13,6%).




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