Setecidades Titulo
Boletim de ocorrência ajuda a solucionar desaparecimentos
Por Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
16/06/2008 | 07:04
Compartilhar notícia


O que fazer quando uma pessoa desaparece? Sair procurando por hospitais ou no IML (Instituto Médico-Legal) são as primeiras atitudes tomadas pelos parentes. Mas a saída mais eficiente é elaborar um boletim de ocorrência. É o que afirma o delegado da Delegacia de Pessoas Desaparecidas da Polícia Civil de São Paulo, Francisco Magano.

Eficiente porque não há integração entre cadastros de hospitais e IMLs. Se uma pessoa desapareceu em Santo André, por exemplo, nada impede que ela seja localizada em São Bernardo. As regiões são integradas. Mas os IMLs não são. Assim, é preciso percorrer todos os institutos até localizar o corpo.

Foi o que ocorreu com um operador de máquinas de 32 anos, morador do bairro Campestre, em Santo André. Ele ficou por 14 dias desaparecido, com a família aflita.

O cunhado dele, um representante comercial de 45 anos, ficou encarregado de encontrá-lo. "Procurei no IML de Santo André, em todos os hospitais daqui, e nada. Só 14 dias depois é que o encontramos, no IML de São Bernardo, instantes antes de ele ser enterrado como desconhecido", relata o parente, que preferiu não se identificar devido ao fato de o cunhado ter sido assassinado.

Os IMLs têm obrigação de ficar com os corpos não-identificados por, no máximo, 72 horas. Depois, podem enterrar. Na prática, os institutos mantêm os corpos enquanto há espaço nas geladeiras.

Uma portaria da Secretaria de Segurança Pública determina que as digitais dos desaparecidos que dão entrada nos IMLs sejam enviadas à Delegacia de Pessoas Desaparecidas. E é para lá que vão também todos os BOs do gênero registrados no Estado.

É na delegacia que os dados são cruzados, permitindo a identificação dos corpos. A equipe do delegado Magano recebe também prontuários médicos de hospitais que estão com pacientes sem identificação. "Se uma pessoa entra no sistema público, seja pelo IML ou por algum hospital, os dados vêm para cá e o caso é esclarecido", afirma Magano.

"Claro que há a possibilidade de o corpo ter sido destruído, seja incinerado, seja enterrado", alerta o delegado, que completa: "Ou de estar vivo, seja porque não quer ser localizado ou porque está refém de alguém".

A ressalva é que esse cruzamento de dados pode demorar mais do que as 72 horas que os IMLs têm de esperar, o que leva alguns corpos a serem identificados só depois do sepultamento.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;