Setecidades Titulo Meu Bairro
Centro é tranquilo para
viver e fazer compras

Moradores do bairro de São Caetano apontam comércio
e transportes como diferenciais; trânsito não atrapalha

Por Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
02/01/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


Ruas tranquilas, limpas e bem cuidadas. Boas praças para bater papo no fim do dia, uma vasta rede de serviços que inclui farmácias, bancos e lojas de diversos segmentos, policiais fazendo ronda constantemente. Um bairro com cara de cidade do interior. Este é o Centro de São Caetano, que apesar de possuir menos de um quilômetro quadrado, é visto como um pedaço do paraíso por seus moradores.

Basta andar um pouco pelas ruas para notar que o vai e vem das pessoas está longe do frenesi típico dos Centros de Santo André e São Bernardo. No bairro de São Caetano, o tempo parece passar mais devagar. Embora nos horários de pico o trânsito fique engarrafado, para os moradores isso não é um problema tão grave. "Para que preciso de carro se posso comprar tudo a pé?", pergunta o técnico de enfermagem Marcelo Palagano, 43 anos.

Há oito anos ele trocou a superlotada Capital por uma casa alugada no Centro de São Caetano. "Arrumei um emprego aqui e vinha todos os dias de carro. O trânsito era um inferno. Daí pensei: o que estou fazendo? Mais do que depressa arrumei uma casinha para alugar e me mudei", relata. O sonho agora é comprar um imóvel no bairro e ficar para sempre na cidade.

Até mesmo do trânsito de São Caetano Palagano se livrou. "Vou trabalhar caminhando, não preciso nem pagar estacionamento. A qualidade de vida melhorou muito", destaca.

Para o vendedor Sérgio Cleffe, 50, que mora desde 1970 na rua Machado de Assis, o bairro mudou muito com o tempo - e foi para melhor. "Vimos muitos prédios serem construídos nos últimos 15 anos aqui na região. Como consequência, o número de carros pelas ruas também aumentou. Mas não me incomodo, porque tudo o que preciso está por perto. Se quero comprar um remédio tarde da noite, consigo encontrar. Os bancos ficam todos por aqui, é facinho", relata.

 

ENCHENTES

Para o funcionário público Marcel Munhoz, 42, as obras realizadas durante a última década ajudaram a transformar o Centro em um lugar mais seguro em relação às enchentes. "Antigamente, algumas ruas enchiam de água quando chovia mais forte. Hoje isso não acontece mais. Também observamos muitas obras relacionadas a recapeamento das vias e instalação de redes de esgoto", diz.

A proximidade com o terminal de ônibus e a estação de trem também são apontadas como vantagem pelos moradores. "É fácil ir para qualquer lugar da cidade, ou mesmo do ABC e São Paulo. Eventos realizados pela Prefeitura são feitos geralmente por aqui. Além disso, contamos com boas escolas e postos de saúde. A segurança é excelente, os guardas que fazem o patrulhamento viraram nossos amigos. Em resumo, não há do que reclamar. Mudar? Nem pensar", emenda Munhoz.

 

História de amor que dura 47 anos

 

Impossível não se encantar com a história de amor vivida pelo casal Ercília e José Rocha, de 70 e 78 anos, respectivamente. Há quase meio século os dois protagonizam casamento duradouro e feliz, com direito a troca de juras de amor todos os dias.

A professora e o arquiteto aposentados - ela mineira e ele carioca - se conheceram ainda na juventude e namoraram por sete anos antes de subir ao altar, em 19 de janeiro de 1963. "Chovia muito naquela tarde, mas deu tudo certo", lembra Ercília. O marido, conhecido pelos amigos do bairro como Rochinha, revela um detalhe. "Demoramos tanto para casar porque ela me enrolava."

O casamento foi celebrado na Matriz Sagrada Família, igreja com a qual o casal tem uma relação especial de afeto. Há 25 anos eles fundaram o curso de noivos para orientar os que pretendem se casar no templo religioso. Além disso, participam dos movimentos religiosos promovidos pela paróquia e são vicentinos legionários - pessoas que ajudam os mais pobres.

A igreja ainda foi escolhida pelos dois filhos do casal de idosos para celebração de seus casamentos, além dos batizados dos dois netos. Pelo menos duas vezes por semana Ercília e Rochinha vão até a Matriz e não perdem as missas aos domingos. "Acredito que as pessoas se afastaram um pouco da religião. Falta orientação da família", conclui a professora aposentada.

 

Com a chegada da estação férrea, surge o Novo Centro

 

O Centro de São Caetano se formou ao redor da estação ferroviária numa sequência urbana da expansão do bairro Fundação, onde em 1877 foi implantada a sede do Núcleo Colonial da cidade, destinada à mão-de-obra italiana, predominantemente.

O comércio, no início do século passado, centralizava-se ao redor da estação ferroviária (inaugurada em 1888). De lá avançou em direção às Ruas Alagoas e Baraldi e se concentrou ao redor da Praça Cardeal Arcoverde. Ramificou-se pelas vias próximas até chegar numa fase - anos 1960, 1970 - em que abrange toda a região central, inclusive além da Avenida Goiás, no bairro Santo Antonio.

Ao longo do século 20, o Centro de São Caetano - onde existiam lotes coloniais - foi dividido em loteamentos urbanos, como os demais bairros da cidade. Tais loteamentos abrigaram conjuntos residenciais e cortiços, galerias comerciais e fábricas. A partir dos anos 1960, o Centro começou a experimentar o crescimento vertical.

A primeira venda de lotes residenciais é feita pela família Baraldi. Coube a ela doar o terreno da estação ferroviária e da Matriz Sagrada Família. Isso foi fundamental para definir um novo centro.

A Companhia Melhoramentos de São Caetano, dos Pamplona e Coelho, idealizou novo loteamento da Rua Santo Antonio para baixo. Outra família, Cavana, loteou terras junto à Rua Baraldi.

Na idealização do nosso livro Migração e Urbanização, a presença de São Caetano na Região do ABC (Hucitec, PMSCS, 1993), mapeamos oito loteamentos na área central, desde os tempos dos municípios de São Bernardo e São Caetano. Entre eles, o Bairro da Divisa e a Vila Íris (ambos da década de 1920), Vila Santo Antonio (1940) e Jardim Alvorada (1966).

O crescimento da cidade esconde cada um dos loteamentos, generalizando-se, primeiro, a expressão Centro Novo - para diferenciar do Centro Velho, do bairro Fundação - e hoje, Centro, simplesmente.

CENÁRIO

O principal restaurante era mantido pela Pensão Italiana, na Rua João Pessoa. Ali se reuniam os ‘figurões' da cidade. Os melhores doces eram da Confeitaria Trianon, junto à estação ferroviária. (Ademir Médici)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;