Em reunião com grupo de moradia, secretário
de Marinho promete repetir truculência de sábado
O MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) lotou o plenário da Câmara de São Bernardo durante a sessão de ontem para cobrar explicações sobre a ação da GCM (Guarda Civil Municipal) para desocupar cerca de 300 famílias de terreno no bairro Cooperativa, no sábado, e foi respondido com nova truculência. Em conversa exaltada, o secretário de Governo, José Albino (PT), afirmou à líder do grupo, Gabriela Valentin, que a postura da administração de Luiz Marinho (PT) em relação a novas invasões será a mesma dada pelos guardas municipais.
“A conversa foi horrível. Ele disse que se nós não nos enquadrarmos no plano de habitação deles e ocuparmos terrenos é isso que vamos receber (uso de força para desocupação). Não foi aberto nenhum espaço para o diálogo, porque, segundo ele, nós não respeitamos o plano de habitação e ocupamos o terreno. Nós buscamos o diálogo, ocupamos um terreno ocioso para iniciar conversa com a Prefeitura”, relatou a líder do MLB.
O primeiro contato dos dois ocorreu nos corredores internos da Câmara, quando Gabriela cobrou apoio de Albino para que a bancada do PT assinasse requerimento convocando o secretário de Segurança Urbana, Benedito Mariano, a comparecer à Casa para discutir a ação da GCM. “Eu não sou vereador, não tenho voto”, disparou o secretário. “Para com isso. Nós sabemos que tem orientação do governo com a bancada. Só faltam cinco assinaturas, o PT pode apoiar isso”, rebateu a ativista, que, em seguida, foi conduzida pelo secretário a uma sala fechada.
A equipe do Diário questionou Albino para ele expor sua posição sobre o impasse com o MLB, mas ele se negou a falar.
Integrantes do movimento alegam incoerências na desocupação. Dizem que a Polícia Militar, responsável por cumprir mandatos de reintegração de posse, esteve no local e só pediu para retirarem carros do espaço. “A GCM chegou com violência, sem diálogo e cometeu aquele crime. Seguranças e o motorista do Marinho estavam junto. O MLB atua em todo o País, isso nunca aconteceu”, disse Gabriela.
A intenção é que o Paço inclua o movimento no programa federal Minha Casa, Minha Vida Entidades, para entrega de terreno e liberação de recursos para que o próprio movimento construa unidades habitacionais. “Não queremos furar fila (no cadastro habitacional)”, disse Gabriela, que convocou novo protesto para amanhã, às 19h, no Paço.
A manifestação na Câmara contou com apoio do MST (Movimento Sem Terra), MPL (Movimento Passe Livre) e de militantes petistas que discordam da conduta do correligionário Luiz Marinho. Apenas a bancada de posição – PPS, PSDB e SD – se solidarizaram com a causa e assinaram o requerimento para convocar Mariano. “A Prefeitura cometeu uma ilegalidade”, justificou Julinho Fuzari (PPS).
Diante do apoio da oposição, Gabriela relatou aos integrantes do movimento que tomará cuidado para que a causa não seja utilizada por “oportunistas”. “Chegaram a incentivar que quebrássemos tudo, mas não somos contra ninguém, estamos a favor da moradia para pessoas que não têm condições”, explicou.
“Não assino esse requerimento. A ação de desocupação foi correta, a lei permite o uso da força. Temos um plano extraordinário de habitação e não podemos permitir novas ocupação, se não o problema não vai ser resolvido nunca”, declarou José Cloves (PT). O líder do governo na Casa, José Ferreira (PT), disse desconhecer o documento.
“Conversei com GCMs que disseram ter filmado e que não houve nenhuma violência. Este governo fez revolução na Habitação, nunca se trouxe tanto dinheiro para construir casas. Temos de respeitar isso”, afirmou o presidente do Legislativo, Tião Mateus (PT).
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