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Mais uma febre de figurinhas
Nayara Fernandes
Especial para o Diário
02/05/2010 | 07:51
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Nunca foi tão desejado completar as páginas de um álbum como o da Copa 2010, que virou febre. No recreio não se fala em outra coisa, e jogar bafo tornou-se uma forma de conquistar as mais disputadas entre as 640 estampas. Até as meninas entram na dança e negociam as trocas.

Victor Naoki Kamja Tanaka, 10 anos, de Santo André, conta que foi contaminado pela mania na Copa de 2006 e não parou mais. Para ele, a rapidez é o que mais importa. "Quanto mais figurinhas consigo trocar, mais rápido termino."

Bastou João Vitor Vieira, 11, de Santo André, ver o álbum do amigo para querer fazer o mesmo e agora não sai da banca de jornal atrás de mais envelopes. Por enquanto, ele está proibido pela mãe de jogar bafo. "Perdi muitas figurinhas jogando com meus amigos do prédio", conta. João reclama que as cromadas brilhantes são muito disputadas. Em geral, trazem o escudo de uma seleção ou símbolo, como a taça de campeão. "Tem gente que faz tudo por uma delas. Meu amigo trocou 13 por uma brilhante do escudo da seleção de Portugal."

As informações contidas no álbum não são suficientes, na opinião de Pedro Ricardo Teixeira Júnior, 11, de Santo André, que está sempre pesquisando na net, como os campeões das Copas anteriores, peso e altura dos jogadores. "Todos os dias meu pai me dá um dinheirinho para comprar figurinhas." Mas ele ficou sem poder fazer isso por alguns dias, em função da falta do produto, que já está normalizada.

Segundo a Panini, responsável pelo álbum, nunca antes no País tanta gente colecionou figurinhas da Copa. Já é 50% superior à do torneio de 2006, ano em que o Brasil ficou em segundo lugar na lista dos que mais compraram. O primeiro publicado aqui foi o do México, em 1970.

SIEGFRIED KISSER, 73 anos, desperta inveja de todos com seus mais de 200 álbuns. "Guardo sempre um completo e outro vazio", conta o aposentado, cujos netos não são tão fanáticos. Ele começou na infância, depois parou e retornou há dez anos. Quando criança, fazia de cada time. Na época, as figurinhas vinham embaladas na bala (o álbum se chamava Balas Futebol) e as mais concorridas, as ‘carimbadas', eram tão disputadas quanto as atuais brilhantes. "Quando completava o álbum, trocava por prêmios, mas era difícil. Só completei três", conta. Antes não eram adesivas e ele fazia cola com farinha de trigo e água. A dica de Siegfried é definir os temas. "Não adianta querer colecionar todos. Tem de escolher alguns e se dedicar. Fica mais fácil organizar."

Cuide bem
Quem não quer o álbum limpinho e sem dobras? Para isso, é preciso cuidar bem dele, como se fosse um livro. O ideal é mantê-lo dentro de uma pasta e colocar as figurinhas repetidas em uma caixinha ou pasta menor. Pode até separar as que você tem vários exemplares das mais disputadas, por exemplo. Também é preciso atenção ao folhear para não amassar as páginas nem formar orelhas. Nunca deixe-o espalhado. E na escola, nada de mostrar aos amigos durante a aula. Faça isso fora da classe para não correr o risco de ir parar na sala da diretora.

Negociação pela web
Vale tudo para completar o álbum. Desde navegar pela net em busca de amigos para fazer as trocas até procurar em sites e blogs que negociam o produto (mas isso só deve ser feito com o consentimento e a ajuda dos pais ou responsáveis). Vinícius Carvalho, 11, de São Bernardo, costuma mandar recados pela web. "Aviso pelo MSN ou o Orkut que quero trocar e aí marcamos de nos encontrar na escola", diz. Mas só se comunica com quem conhece, até porque ele sabe que é perigoso falar com estranhos. O garoto garante que isso evita a concorrência da hora do recreio. Daí é só chegar e trocar. Mesmo assim, Vinícius não acha certo trocar as brilhantes por mais que uma figurinha. "Todo mundo fala que as cromadas valem mais, mas não acho legal fazer isso. Como quero terminar logo, acabo trocando como eles querem", diz.

A negociação também está rolando por meio de blogs e o Twitter. No perfil @torcidapanini, a Panini ajuda os malucos por cromos e faz até promoções. Outra novidade virtual é o Álbum Oficial Online, com o qual o jogador ganha novos pacotinhos todos os dias. Para Giovanni Caldo Bernardes, o legal desse jogo é que não precisa gastar nada. Só é preciso fazer cadastro no site da Fifa (http://pt.stickeralbum.fifa.com/login) e começar a jogar. Depois disso, o jogador ganha alguns envelopes e pode começar a ‘colar' as figurinhas no álbum. E não precisa se preocupar com as repetidas, pois o site tem espaço para a troca. Lá só não dá pra jogar bafo. O ruim, segundo Giovanni, é a falta de contato entre os colecionadores. Quem completar o álbum até 19 de julho concorre a um álbum de verdade, encadernado e com todos os cromos.

Fica mais fácil participar de feira de trocas
Sempre que precisam fazer trocas, os irmãos Bruno Piedade, 9 anos, Gustavo, 13, saem de São Bernardo e vão a Santo André na banca BA Academia (Rua Adolfo Bastos, 457, tel: 4427-5189). Regularmente, uma vez por mês, os colecionadores têm encontro marcado com essa finalidade. Eles têm até um site (www.trocafigurinha.com.br) em que é possível se cadastrar e saber os dias de troca. "Sempre separamos algumas para isso", conta Gustavo.

Na escola dos meninos, as brilhantes são trocadas, no mínimo, por duas normais. "Quem vende cobra R$ 0,50 pelas mais disputadas", explica o menino, que recorre ao bafo para conseguir as mais difíceis.

Outra alternativa apontada por Bruno é comprar figurinhas já fora do envelope. Na Casa Sattori Jornal e Revista (Rua Cel. Alfredo Flaquer, 381, tel.: 4992-2748), em Santo André, por exemplo, uma brilhante vale três normais ou custa de R$ 0,40 a R$ 0,50. As menos disputadas valem R$ 0,20.

MARCELA HELENA JURGENS BAPTISTA, 11, de Santo André, conta que suas amigas da escola acham esse tipo de brincadeira chata, mas ela adora. Tem quem diga que a mania é esquisita, mas ela não liga. Fez o primeiro álbum em 2006, com a ajuda do pai. Agora repete a dose e até a irmã de 3 anos participa da brincadeira e tem um só para ela. Como a menina é pequena e não sabe direito como organizar e cuidar da coleção, Marcela não deixa que ela pegue, porque pode amassá-lo e até rasgá-lo. Na escola, os amigos ficam com inveja do álbum dela que está quase completinho. Mesmo assim a garota está sempre negociando. "Troco com eles e compro alguns envelopes na banca", conta Marcela, que também coleciona outros álbuns e faz questão de completá-los até o fim.

Brincadeira
Bater figurinha ou jogar bafo é brincadeira antiga. Bruno Piedade é fera em conseguir virar o maior número delas. Ele garante que é preciso treinar muito para isso. Confira as dicas: Faça uma conchinha com a mão e bata rapidamente nas cartas. Isso forma uma bolsinha de ar, que ajuda as figurinhas virarem bem rápido. Quando o monte for grande e elas estiverem bem juntinhas, bata na lateral, que as cartas viram com facilidade. Não vale dobrar nem segurar a carta quando vira. O ar tem de fazer isso!




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