Economia Titulo Comércio
Grande ABC é 2º
maior polo de
franquias do Estado

Com 1.302 unidades, região fica atrás apenas da Capital; novos shoppings e aluguel atrativo contribuem

Por Daniel Macário
Especial para o Diário
02/11/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A forte concorrência encontrada na Capital e o crescimento quase em massa da ida de shoppings centers para municípios com menos de 500 mil habitantes fizeram com que o mercado de franquias expandisse de forma acentuada para o Interior e regiões metropolitanas do Estado de São Paulo nos últimos anos. Buscando evitar a canibalização da marca e a concorrência entre franqueados, esse processo vem atingindo cada vez mais o Grande ABC. De acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchising), em 2013 – dado mais recente disponível – a região fechou o ano como o segundo maior polo de franquias do Estado, atrás somente da cidade de São Paulo. Somadas as unidades franqueadas nos sete municípios, o Grande ABC encerrou o ano passado com 1.302 lojas do segmento, contra 11.824 registrados pela Capital.

O investimento de novas marcas na região é notável quando se faz a comparação dos dois últimos anos. Em 2012, o Grande ABC abrigava 1.034 unidades, ou seja, houve alta de 25,92% no número de franquias em relação ao ano passado.

No período, o principal crescimento foi registrado em São Bernardo, com alta de 45,25%, evoluindo de 305 para 443 franquias, em 2013. As demais cidades da região também registraram bons resultados: Santo André (18,18%), São Caetano (12,50%), Diadema (16,49%), Mauá (32,88%), Ribeirão Pires (5,56%), e Rio Grande da Serra (50%).

Segundo André Friedheim, diretor internacional da ABF, o fenômeno nada mais é do que um processo natural que tende a se fortalecer nos próximos anos. “O Grande ABC é praticamente um quintal de São Paulo. Por isso, a migração de franquias para a região é algo natural. Muitas pessoas que moram na Capital trabalham nos municípios da região, e o contrário também acontece, o que mostra que os dois públicos são idênticos em relação a gosto e renda”, avalia.

Franquia de padaria drive-thru que chegou nesta ano à região, com loja em São Bernardo, a Pão To Go é um exemplo de marca que está investindo em unidades fora da Capital Paulista e apostando no potencial do Grande ABC. “Nesses municípios encontramos um custo de aluguel bem menor do que as grandes metrópoles. Ao mesmo tempo em que a Capital tem uma demanda bem maior, a oferta de bons pontos é bem superior na Região Metropolitana”, revela o criador da marca, Tom Ricetti.

O modelo drive-thru oferece mais de 100 tipos de produtos que podem ser comprados sem descer do carro. Para quem passa a pé, é possível ir na cabine walk-thru.

Após o sucesso de seu primeiro franqueado na região, Ricetti adianta que até o fim do ano duas novas franquias serão lançadas. “Abriremos uma unidade na Rua Amazonas, em São Caetano, e outra em Santo André (o local ainda está sendo definido).”

De acordo com o criador da Pão To Go, tendo em vista o potencial do mercado local, a marca está captando empresários da região para a abertura de novas franquias.

Outra rede que também está investindo no potencial dos municípios locais é a Casa do Construtor, franquia de locação de equipamentos de pequeno porte, a exemplo de ferramentas elétricas, rompedores, compactadores, betoneiras, andaimes e itens para limpeza e jardinagem para construtoras, empresas, condomínios e pessoas que estejam executando obra ou reforma.

Os franqueados Ulisses Gonçalves, 41 anos, e seu pai, Eduardo Castro Gonçalves, 69, que já possuíam em parceria uma loja da marca no bairro Santa Teresinha, em Santo André, inauguraram em setembro mais uma unidade, agora no Centro da cidade. “Sou engenheiro civil e meu pai é engenheiro eletricista. Por causa deste envolvimento, queríamos diversificar nossas atividades no ramo e encontramos na franquia um caminho seguro para empreender, em que esse modelo nos concede expertise, conhecimento e resultado de mercado”, afirma Eduardo Gonçalves. “Encontramos a Casa do Construtor, que é uma marca fortalecida do mercado e optamos por Santo André (para abrir uma loja) por ser uma grande cidade na região metropolitana, onde encontramos território para explorar.”

ESTÍMULOS

Para o consultor do Sebrae-SP (Escritório Regional do Grande ABC) Leandro Reale Peres, o processo de invasão das franquias para o Grande ABC é um processo natural. “Na verdade, a expansão regional de qualquer tipo de franquia nada mais é do que uma forma de ampliação de mercado, um sintoma natural de processo de crescimento.” Segundo Peres, a alta do número de shoppings centers e a concentração de população em bairros também são pontos a serem levados em consideração para este fenômeno.

Valter Moura Júnior, vice-presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo) e um dos organizadores da ABC Franchising & Negócios, feira que se destaca por apresentar oportunidades de negócios voltadas ao segmento, ainda aponta que o forte investimento feito na propagação deste mercado pode ter colaborado para o crescimento do setor. “Nos últimos três anos houve um reforço na divulgação por meio de ações e, até mesmo, da feira de franquias, que estimulou as pessoas conhecer um pouco mais sobre o segmento. Além disso, se tornou moda abrir uma franquia. Apesar de não ser certeza de um bom negócio, para quem quer começar é um investimento mais seguro.”

Segundo Júnior, a região virou “a menina dos olhos de ouro” das franquias por se tratar de uma área escolhida por muitos moradores que vieram da Capital e pelo fato de a renda famílias estar crescendo nos últimos meses.

A próxima edição da feira será em março de 2015.

Apenas 15% das lojas fecham em 10 anos

Ao contrário dos negócios independentes, que fecham cerca de 80% de suas unidades após período de dez anos no mercado, as franquias apresentam índice bem baixo quando é levado em consideração o tempo de funcionamento de sua marca. De acordo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), somente 15% das franquias abertas acabam decretando falência ou fecham suas lojas no período de dez anos.

Segundo André Friedheim, diretor internacional da ABF, mesmo apresentando risco menor do que os negócios independentes, a franquia possibilita caminho mais seguro para os empresários. “Neste segmento você tem acesso a uma marca já presente no mercado, com propaganda mais profissional, perfil de público já determinado, tabela de dados e resultados e rede de negócios”, afirma.

Para o executivo, outro ponto a ser levado em consideração para o bom desempenho das franquias é o espaço conquistado em centros comerciais, que tem aumentado nos últimos anos. “Cerca de 50% das lojas de um novo shopping são franquias. E esse número aumenta para 80% a 90% quando falamos da praça de alimentação.”

No entanto, o executivo afirma que para um bom resultado os empresários precisam, primeiramente, avaliar o seu potencial para gerenciar a franquia. “É preciso comprometimento para tocar a operação e gerenciar os fornecedores. Nessa hora é necessário estar disposto a correr risco e entender todo o processo da marca.”

MAIS PRESENTES

Segundo levantamento da ABF, a franquia mais numerosa no Grande ABC, até o fim de 2013, era O Boticário, de perfumes e maquiagens, com 45 unidades.

Na sequência, aparece a rede de fast-food McDonald’s, com 43. O terceiro lugar pertence ao Kumon, de reforço escolar, principalmente em matemática, com 32, mesmo número da Nosso Bar, microfranquia do Bar Brahma.

A Cacau Show, que vende trufas de chocolate a preços acessível, ocupa a quinta colocação, com 29 unidades. Na sexta posição está a loja de conveniência dos postos Ipiranga AM PM Mini Market, com 28 franquias.

Treinamento é essencial para manter qualidade

O processo necessário para gerenciar franquia envolve muitas etapas: contratações, treinamento de atendimento ao cliente, critérios desenvolvidos pela área de marketing para incentivar as vendas nas lojas, entre outros. Pensando nisso, o treinamento do franqueado é essencial para manter a qualidade e reconhecimento da franquia.

Visando a capacitação desses empreendedores, o Sebrae e a ABF desenvolveram o Programa Sebrae Franquias, que inclui palestras, cursos, cartilha e ferramentas de apoio a novos interessados no segmento. Trata-se de um passo a passo para quem quer ser empreendedor no ramo de franchising. De acordo com o consultor do Sebrae-SP Leandro Reale Peres o programa consiste em dois processos. “Capacitar o empresário que deseja abrir sua marca e o que planeja comprar uma franquia.”

Mas ter somente um manual não basta. Segundo Valter Moura Júnior, vice-presidente da Acisbec é preciso uma análise preliminar para ter bons resultados no novo negócio. “É necessário estudar a franquia. As pessoas costumam somente olhar o vizinho e não investigam os problemas que podem sofrer.”

EMPREGO

O franchising é responsável por grande parcela das oportunidades de primeiro emprego no Brasil. As redes dão chance, principalmente, aos jovens, e investem pesado em programas de treinamento e capacitação profissional.

Gerente de Marketing da NVH Talentos Humanos, unidade de Santo André, Indianara Ferreira aponta que muitas franquias se familiarizam com as pessoas mais novas. “As marcas se identificam com jovens, pois conseguem moldar aquele profissional e futuramente colher potenciais gestores dentro desse grupo. Além disso, é boa oportunidade para quem quer ingressar no mercado de trabalho e vê no salário proposto quantia interessante para iniciar a carreira”, explica.

Segundo a executiva, o valor pago por essas empresas varia de R$ 700 a R$ 800 para vagas de operadores de caixa e repositores, podendo chegar a R$ 1.500 fixo mais comissão para cargo de vendedores. 




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