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A história sempre se repete
Rodolfo de Souza
08/03/2018 | 07:00
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 Os senhores da guerra decidem o destino do homem. As marcas da destruição, estampadas em cores vivas nas telas, deixam claro que todos os planos de conquista contam e contaram sempre com o sofrimento do outro, provavelmente como forma de fazer prevalecer o domínio do mais forte. Isso, todos sabem, faz parte da história da humanidade desde que o ser humano colocou os pés pela primeira vez nesta Terra.

A diferença é que no começo não havia meio de comunicação que alçasse bem alto a voz e fizesse chegar ao entendimento do povo as desculpas vagas, ardilosamente preparadas para justificar a tirania.

E muito tempo se passou até que alguém se dispusesse a exercer o arriscado, mas gratificante trabalho de informar e, por que não, elucidar. Logicamente que o escritor de outros tempos opinava, cercando-se de cuidados para que seu comentário não resultasse em danos à sua integridade física. Exercício um tanto comum até os dias atuais, este da repressão que visa conter e submeter os ímpetos do cidadão que pensa.

Hoje, contudo, a imagem do caos percorre os quatro cantos, levando, em tempo real, a dureza da realidade aos olhos estupefatos das pessoas que vivem em relativo conforto, distantes dos conflitos e dos massacres.

Noutro dia, por exemplo, vi uma fotografia que representa a essência da alma humana, esteja ela no poder ou longe dele. Era, a foto, composta por somente duas cores: cinza e vermelha, que retratavam uma cidade em ruínas. A lembrança do que fora uma sociedade viva nos seus costumes, negócios, lazer, religião, vai e vem de gente, enfim, não passava, naquele quadro, de uma montanha de concreto, ferro retorcido, carcaças de automóveis... Tudo cinza, tudo em cinzas.

Só o vermelho da imagem era destaque. Submetia o olhar ao paradoxo da vida, ou da vida que se esvaiu das veias para deitar-se no asfalto frio e esfregar na cara do mundo o que restou do ser humano que, depois de muito correr e se esconder, sucumbiu ao poder das bombas. Talvez nada mais restasse àquele senão a morte. É possível até que tenha se entregado a ela como forma de ganhar a liberdade. Ninguém sabe.

E não bastasse o seu envolvimento direto e nefasto no fogo cruzado dessa tragédia, e o homem do Norte anunciou agora, com toda a frieza que lhe é peculiar, que possui uma nova arma com poder de destruir o planeta. Por acaso, o nosso. Logicamente que seu cérebro gelado não se esqueceu de pensar num meio de correr com seu povo, caso o sinistro venha a se consumar. Até porque, seu coração mole não suportaria ver sua gente morta enquanto o chefe desfruta da segurança de uma redoma à prova de bombas nucleares que destroem o mundo.

Claro que seu sono não estaria comprometido se o assunto dissesse respeito à aniquilação do povo sírio, indefesa vítima dos seus aviões que despejam toneladas de bombas nas cidades, com o objetivo de garantir ao ditador do lugar a eternidade do seu reinado, mesmo que se saiba que, não demora, reinará para nação nenhuma e governará povo nenhum. Mesmo assim, o facínora prossegue determinado, porque conta com a ajuda do homem do frio que lhe fornece apoio aéreo e esmaga sua gente. Chego a imaginar que o tirano sírio já pensa mesmo em se mudar para o país das neves, sobretudo quando só lhe restar terra calcinada e o vazio. Só não se sabe se seria bem recebido.  




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