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Emprego industrial ainda se escora no setor automotivo
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
23/08/2005 | 08:31
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O tímido crescimento do emprego industrial no Grande ABC em julho foi sustentado pelas empresas da cadeia automotiva, segundo indica pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgada segunda-feira. A alta teve o impulso principal de setores da cadeia automotiva – material de transporte (montadoras e autopeças), metalurgia e material plástico, por exemplo, estão entre os de melhor desempenho.

Apesar de o ritmo de geração de novas vagas continuar no processo de desaceleração de meses anteriores, três cidades da região apresentaram alta em níveis superiores ao resultado do Estado de São Paulo para o mês de julho (0,18%). São Caetano, São Bernardo, e Diadema cresceram 0,62%, 0,54%, e 0,42%, respectivamente. Apenas a diretoria regional de Santo André – que também abrange Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – apresentou redução de vagas industriais, com queda de 0,36%.

Em todo o Estado, foram geradas 3.537 vagas em julho, aproximadamente 65% menos que no mesmo mês de 2004, quando houve a criação de 9.981 postos de trabalho. Entre janeiro e julho, a indústria paulista gerou 46.597 vagas, número inferior em 31,5%, aproximadamente, ao do mesmo período do ano passado: 68.027.

"A indústria começa a dar sinais claros de que teremos um segundo semestre abaixo da expectativa inicial. Ainda estamos gerando postos de trabalho, mas a curva do emprego já indica redução", afirmou Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Ciesp. O centro projeta uma diminuição do emprego (demissões superando contratações) na indústria paulista entre outubro e novembro. Em 2004, essa redução ocorreu em dezembro.

"A indústria não está encontrando nas encomendas do comércio o fôlego necessário para continuar contratando, e isso deve se agravar nos próximos meses. Além disso, as exportações paulistas não devem se manter no mesmo ritmo até o final de 2005", afirmou Carlos Cavalcanti, economista-chefe do Ciesp.

Montadoras – Tabacof, no entanto, minimizou os efeitos da redução de exportações para o México anunciado recentemente por três montadoras instaladas no Grande ABC – General Motors, Ford e Volkswagen –, e acredita que o setor deverá manter seu ritmo de atividade até o final do ano.

"As montadoras têm mais capacidade de manobra para lidar com situações adversas, como a questão do câmbio e dos juros. A cadeia automotiva também sente os reflexos da política econômica do governo federal, mas continua mantendo sua atividade", afirmou.

Micro e pequenas – As micro e pequenas empresas do Grande ABC ligadas à cadeia automotiva também estão sendo beneficiadas indiretamente pela manutenção das atividades no setor e aumentando contratações, na avaliação de Claudio Musumeci, diretor-titular do Ciesp de São Caetano.

"No Grande ABC, e especialmente em São Caetano, temos muitas micro e pequenas indústrias de autopeças e de outros ramos que trabalham indiretamente para as montadoras. Essas empresas vendem para indústrias de maior porte, que fornecem diretas para as montadoras", afirmou.

Musumeci acredita que os empresários do setor já trabalham com uma expectativa de crescimento para o ano que vem. "Realmente os setores ligados à indústria automotiva não estão com problemas de produção, e já estão pensando em um futuro crescimento do nível de atividade em 2006", afirmou.




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