Política Titulo CPI da OAS
Ex-presidente da OAS diz que funcionários da empresa desenharam licitação do Piscinão

Léo Pinheiro afirma ser maior valor de propina paga, contradiz ex-superintendente e revela encontro com Lula

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
17/05/2021 | 14:40
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Divulgação


Ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro depôs na CPI instalada na Câmara de São Bernardo assegurando que é maior o valor de propina paga a agentes públicos da cidade para contratos executados pela empreiteira e que funcionários da empresa participaram irregularmente do desenho da licitação para a obra do Piscinão do Paço, na região central. Citado no depoimento, o ex-prefeito Luiz Marinho (PT) rechaçou as acusações e disse que Léo Pinheiro "inventa fatos para salvar a própria pele".

Durante quase duas horas e meia, Pinheiro – que firmou acordo de delação premiada com o MPF (Ministério Público Federal) dizendo que pagava recursos ilícitos a diversos agentes públicos pelo País – reiterou que o Piscinão do Paço surgiu após ideia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele confirmou que conversou com Marinho a respeito e que, posteriormente, técnicos da empresa e da Prefeitura atuaram em conjunto para modelar o projeto.

Pinheiro assegurou que Marcel Vieira e Carlos Henrique Barbosa Lemos eram responsáveis pelas relações com a agentes públicos de São Bernardo para as obras da OAS. Ambos já foram convocados pela CPI para prestarem esclarecimentos. O primeiro conseguiu um habeas corpus na Justiça da cidade para não precisar ir depor. O segundo falou com os vereadores, mas disse desconhecer qualquer ato ilícito cometido pela empresa.

Durante a oitiva, o ex-presidente da construtora avaliou que supera a casa dos R$ 20 milhões o valor pago a figuras públicas de São Bernardo a título de propina. Ele, entretanto, disse que não sabia dos nomes e que essa função – de intermediação – ficava a cargo de Vieira e Barbosa.

Sobre o Piscinão do Paço, revelou que o fato de funcionários da OAS terem participado do processo de construção da licitação facilitou o afastamento de concorrentes pelo contrato e que trouxe “conforto” financeiro ao empreendimento. No entendimento dos integrantes da CPI, o “conforto” foi um eufemismo para sobrepreço.

“Foi um depoimento esclarecedor, um divisor de águas na nossa apuração. Torna ainda mais vital o depoimento do senhor Marcel. Estamos, junto com o departamento jurídico, lutando para derrubar a liminar do habeas corpus conseguido por ele”, destacou o presidente da CPI, Mauricio Cardozo (PSDB).

Relator da CPI, Julinho Fuzari (DEM) disse que fica cada vez mais necessário fazer uma acareação entre as partes. “O senhor José Ricardo Nogueira Breghirolli (ex-superintendente da OAS e que revelou existência de pagamento irregular para as obras em São Bernardo) falou uma coisa, corroborada pelo senhor Léo Pinheiro. Já o senhor Carlos falou outra coisa. Alguém está mentindo”, comentou Fuzari. “Mas fica claro que não são apenas R$ 20 milhões em pagamento irregular em São Bernardo. Até porque, diante do tamanho de volume financeiro das obras aqui, quase R$ 1 bilhão, R$ 20 milhões em propina é irrisório, como falou o senhor Léo Pinheiro. Aliás, ele comentou que os superintendentes tinham bonificação por obras executadas.”

Ao Diário, Marinho disse que Léo Pinheiro "mente e inventa fatos para salvar a própria pele", garantiu que nunca tratou de licitação com ele ou qualquer outro representante da OAS. Confira a nota completa abaixo.

"Léo Pinheiro, a exemplo do que fez na sua delação premiada, mente e inventa fatos para salvar a própria pele. Nunca tratei de licitação com ele, nem com representante da OAS ou de qualquer outra empresa. Também nunca autorizei que funcionários da prefeitura tratassem de licitação com empresário. Léo Pinheiro também mente quando fala do pagamento de propinas no nosso governo, assim como caixa 2 nas minhas campanhas. Insisto: tudo não passa de mentira e invenção de quem busca a todo custo se livrar as acusações que pesam contra ele e sua empresa."




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