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Estudo aponta que leite materno protege os bebês contra Covid-19

Pesquisadores da FMABC atestaram que doença não é transmitida na amamentação

Por Aline Melo
Do Diário do Grande
04/12/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Que o leite materno é o melhor alimento para o bebê até os 6 meses de vida a ciência já sabia. O que não era conhecido é se a amamentação realizada por mães que tiveram ou estão contaminadas pelo novo coronavírus podia transmitir Covid-19 para os bebês. Estudo realizado por pesquisadores da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) em parceria com o HMU (Hospital Municipal Universitário) de São Bernardo com 201 mães e seus bebês já atestou que não só a amamentação é segura, como funciona como uma espécie de vacina contra a doença para os pequenos enquanto o aleitamento materno for mantido.

A pesquisa busca avaliar o impacto da infecção por Covid-19 na gestação, na saúde materna, no recém-nascido e nas práticas de aleitamento materno. Parte dos achados já foi publicada recentemente em uma das mais importantes revistas internacionais do mundo que tratam sobre amamentação, a Journal of Human Lactation

A pesquisa avalia, entre outros fatores, a presença de anticorpos protetores contra a Covid-19, a imunoglobulina IgA, no leite materno das mulheres que tiveram a doença durante a gestação e/ou que a apresentaram no momento do parto. Este é um dos primeiros relatos de caso no mundo que descrevem a presença precoce (no primeiro dia da amamentação) de anticorpos protetores contra a Covid-19 no leite materno.

Integrante da equipe que realiza o estudo, a professora do departamento de pediatria da FMABC Fabíola Suano de Souza explicou que o trabalho começou bem no início da pandemia, tendo entre os seus muitos objetivos entender melhor a infecção pelo novo coronavírus em gestantes e bebês. “A Covid-19 é uma doença nova, e essa era uma pergunta muito importante. O leite materno pode transmitir o vírus, assim como ocorre com outras infecções? Sabemos que uma mulher gripada que amamenta o filho passa para ele os anticorpos, mas não sabíamos como seria com essa doença”.

Os primeiros achados do estudo atestam que o leite materno transmite proteção contra a doença, não tendo sido diagnosticado a infecção ou mesmo qualquer um dos seus sintomas em nenhuma das crianças, que seguem sendo acompanhadas até os 2 anos. Fabíola afirmou que já existe na Holanda estudos que buscam estabelecer se a imunoglobulina que é transmitida para os bebês pelo leite materno pode ser isolada e usada como tratamento para pacientes graves da doença. “A imunoglobulina A impede que o vírus se ligue ao organismo”, complementou a docente.

Entre as mães acompanhadas na pesquisa, 35% já transmitiam a imunoglobulina nas primeiras horas após o parto, com a descida do colostro, o primeiro leite, mais grosso e cheio de vitaminas. Fabíola pontuou que não é possível afirmar se após o término da amamentação as crianças vão continuar protegidas contra a Covid-19.

“Pode ser que daí para frente a criança dependa apenas do seu sistema imunológico, mas é provável que o organismo tenha mais atenção ao vírus”, detalhou. “A gente sempre tem que incentivar a amamentação, mas sobretudo neste momento, é importante que as pessoas saibam que não só é seguro como é altamente recomendável que os bebês sejam amamentados”, disse a pesquisadora. “Nossa região vai ter um dos maiores estudos sobre o binômio mãe e bebê em tempos de Covid”, finalizou. A íntegra do artigo pode ser acessada no link https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0890334420960433 . 

Participam da pesquisa a chefe do serviço de neonatologia do HMU, Cibele Wolf Lebrão, a docente do departamento de pediatria da FMABC Fabíola Suano de Souza, o vice-reitor da FMABC, Fernando Luiz Affonso Fonseca, a nutricionista da FMABC Letícia Veríssimo Dutra, a infectologista do HMU Mariliza Henrique da Silva, a diretora-geral do HMU, Mônica Carneiro, além da médica residente em pediatria da FMABC Manuela Navarro Cruz.




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